
O
comerciante Diego Rodrigues, de 26 anos, que morreu poucas horas antes
da partida semifinal entre Flamengo x Grêmio, foi socorrido por amigos e
foi para o hospital dentro de uma câmara fria de um caminhão de peixe.
O
torcedor foi de Mogi Mirim (SP), onde morava, para o Rio de Janeiro,
onde assistiria à semifinal da Copa Libertadores. Porém, durante a
tarde, na praia de Copacabana, Diego ingeriu camarão e passou mal
instantaneamente.
“Nós fomos realizar um sonho, dele e nosso, de
assistir um jogo do Flamengo na Libertadores. Chegamos no Rio por volta
de 5h, tomamos café e pegamos uma Doblô. Fomos para Copacabana, demos
uma volta no Leme, o tempo estava nublado”, lembrou Leonardo Alves, um
dos amigos que estava com Diego no Rio.
“Resolvemos alugar umas
cadeiras, sentar lá e tirar umas fotos. Ele disse: ‘primeira praia que
eu venho na vida é Copacabana, agora só faltou um camarãozinho para
tirar uma foto e colocar no status’. Foi quando veio um rapaz com um
espetinho, peguei um, outros amigos também. Aí ele pediu um pedaço de
camarão. Ele comeu um pedaço, não foi um espeto, um pedaço (de camarão) e
o pedacinho de outro. Passaram dois minutos, ele disse que o ouvido
estava zunindo. Deu ânsia de vômito nele duas vezes, foi quando ele foi
falar e a voz dele não era a mesma”, seguiu o amigo, que disse ainda que
o pedido de Diego foi para ir até uma farmácia.
“Ele e o Arthur
(outro amigo) atravessaram a avenida para ir para a farmácia e eu fiquei
(na praia). Olhei e ele saiu correndo, desesperado, encostou em um
carro e caiu. Saímos desesperados atrás de ajuda. Coloquei a cabeça dele
no meu colo e tentei fazer ele não virar a língua. Fez uma aglomeração
de pessoas, ninguém deu atenção. Veio um farmacêutico, deu uma injeção.”
Segundo
Leonardo, duas viaturas estavam próximas ao local – não conseguiu
precisar se era da Guarda Municipal ou da Polícia Militar -, mas
disseram que não poderiam ajudar no caso.
Com isso, os amigos aceitaram a ajuda de um caminhoneiro de peixe, que os levou para o hospital Copa Star.
“Um
dos rapazes que me ajudou com ele no chão estava com um caminhão de
peixe e ofereceu para levá-lo para o hospital. Ele encostou, colocamos
ele na câmara fria, o cara trancou a gente na câmara, não sei o caminho
que fizemos porque estava escuro. Chegamos lá no Copa Star (hospital). O
menino abriu a porta, saí gritando pedindo ajuda. O segurança comunicou
a equipe médica e eles rapidamente tentaram reanimar ele dentro da
câmara fria. Subiram ele na cama, após 20, 30 minutos vieram com a
notícia que nosso amigo tinha falecido.”
Leonardo elogia o atendimento rápido do hospital, que não quis receber por qualquer atendimento a Diego, mesmo sendo particular.
Sonho do Maracanã
Um
dos melhores amigos de Diego, Everton Bombarda não foi ao Rio, mas
revelou que conhecer o Maracanã era um dos maiores sonhos do
comerciante.
Em áudio durante a viagem, Diego dizia que o importante era ver o time de perto no estádio.
“Viu,
perdendo ou ganhando, o importante é a prainha de Copacabana que nós
vamos passar o dia e conhecer o Maracanã, né, pai? Ta bom…”, disse Diego
no caminho para o Rio.
“Ele sempre falava de no Maracanã ver o
Flamengo. Era o maior sonho dele. A vida dele era ver o Flamengo no
Maracanã”, revelou Everton.
Diego era uma personalidade no futebol
amador de Mogi Mirim e era ligado à Novacoop, time que tem seu pai como
um dos dirigentes.
O corpo do comerciante chegou para o velório,
no Cemitério Municipal de Mogi Mirim, por volta das 12h30. Diego deixa
esposa e uma filha de um ano e dois meses.