quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Câmara aprova texto-base da Previdência em segundo turno

Plenário da Câmara teve na sessão de ontem quórum de 495 parlamentares
Plenário da Câmara teve na sessão de ontem quórum de 495 parlamentares


Por 370 votos a 124, a Câmara dos Deputados aprovou em segundo turno ontem o texto-base da reforma da Previdência. Um parlamentar se absteve. A Casa analisa agora os destaques que foram apresentados ao texto e que podem modificá-lo.

Até pouco antes da votação, haviam sido protocolados oito destaques, sete deles por legendas da oposição e um do Novo. Como todos são supressivos, os deputados favoráveis ao texto-base precisam reunir 308 votos para manter a proposta da maneira que foi aprovada no primeiro turno.

O Psol repetiu destaque apresentado no primeiro turno, que busca suprimir da reforma as mudanças no pagamento do abono salarial. Atualmente, o benefício é pago aos trabalhadores que recebem até dois salários mínimos — ou R$ 1.996 neste ano. Mas, pelo texto-base da reforma da Previdência aprovado, o abono do PIS/Pasep passará a ser pago apenas aos trabalhadores com rendimento de até R$ 1.364,43.

O PCdoB sugeriu eliminar a regra que permite que a pensão seja inferior ao salário mínimo nos casos de acumulação e manter a redação atual da Constituição que garante o direito de pensão por morte em valor não inferior ao salário mínimo.

Mais cedo, o secretário da Previdência, Rogério Marinho, disse que o governo se comprometeu a enviar, após a aprovação da reforma da Previdência, um projeto de lei ratificando a regra que garante pensão de um salário mínimo para quem tem renda formal menor que o piso. Essa garantia foi incluída ontem em portaria assinada por Marinho durante reunião com a bancada evangélica.
Já o PDT quis suprimir da reforma o pedágio de 100% no Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e no Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e manter apenas os requisitos de idade e tempo de contribuição (60 anos homem e 57 mulher 35 homem e 30 mulher, respectivamente).

O PT apresentou três destaques. Um deles altera regras de exigência de contribuição mínima, outro retira do texto o requisito de um quarto do salário mínimo de renda per capita na família e outros critérios para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O terceiro suprime o novo critério de cálculo dos benefícios em ambos os regimes e mantém a média de 80% dos maiores salários.

Como estratégia para garantir a aprovação da Previdência ontem, o governo enviou um projeto de lei do Congresso Nacional (PLN) para abrir um crédito suplementar de R$ 3,041 bilhões no Orçamento em favor de diversos órgãos do Poder Executivo.

O texto faz um remanejamento orçamentário para facilitar a liberação de emendas parlamentares Essa era uma cobrança dos congressistas, que haviam recebido a sinalização do governo de que o projeto seria enviado ainda nessa terça-feira. Para remanejar recursos, é preciso que o governo cancele gastos em outras áreas.

Oficialmente, o Ministério da Economia disse que se trata de um "remanejamento natural de despesas do orçamento, inclusive da área militar". Além de atender a emendas parlamentares e à área militar, o projeto também libera recursos para Educação, Saúde, Agricultura e para o programa Minha Casa Minha Vida.

No plenário da Câmara, a medida foi criticada pela oposição. "Isso é compra de voto. É corrupção", afirmou o líder do Psol na Casa, Ivan Valente (SP).

O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, afirmou que o remanejamento orçamentário é legítimo. Questionado sobre se a iniciativa configuraria um "troca-troca", ele disse que o Planalto não usa a expressão e defendeu sua legitimidade. "Não colocamos troca-troca como expressão nesse processo que é legítimo e que está dentro dos ditames democráticos sobre os quais nós vivemos."