sábado, 31 de agosto de 2019

Apoio social é chave para prevenir o suicídio, aponta especialista

Olhar, com a devida atenção, para quem está ao seu lado no ônibus, na fila do banco ou no trabalho pode ser o primeiro passo para salvar uma vida. É o que afirma o psiquiatra José Manoel Bertolote, consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo ele, a prevenção do suicídio começa com o apoio social, em um acolhimento humanizado.

A temática foi discutida durante o lançamento da Campanha Setembro Amarelo 2019 no Ceará, na manhã de sexta-feira (30). Na ocasião, foi realizado o seminário "A evolução da prevenção do suicídio no Brasil e no Mundo: diretrizes para uma política efetiva", cuja palestra de abertura foi ministrada por Bertolote.

"As pessoas em crise suicida estão em toda parte, e nós temos que desenvolver um olho e um ouvido mais sensíveis para o sofrimento dessas pessoas, e fazer um primeiro acolhimento com base humanitária. Dependendo da complexidade da situação, devemos saber para onde encaminhar, caso seja necessária uma atenção especializada", diz.

Expansão

O psiquiatra explica que o objetivo fundamental de toda a campanha do Setembro Amarelo, que começou como uma iniciativa da OMS, é alertar a população sobre um problema de dimensão de saúde pública que continua crescendo.

De acordo com Bertolote, em alguns países, o índice de suicídio já está sob controle. Em outros, está em redução, mas, no Brasil, "infelizmente está em franca expansão". Ele ressalta, ainda, que um dos desafios é evitar o excesso de tecnologia, e voltar a ter o contato interpessoal concreto. "Precisamos olhar, perceber se há um sofrimento, e nos dispor a dar um primeiro passo para ajudar essa pessoa".

O evento foi promovido pelo Projeto Vidas Preservadas, do Ministério Público do Ceará (MPCE) em parceria com prefeituras, o Governo do Ceará e um grupo de instituições privadas e organizações não-governamentais.

"O Projeto foi iniciado em abril de 2018, e foi estruturado para se tornar um movimento da sociedade cearense. Nós chamamos ONGs para participar do projeto, além dos projetos de extensão das universidades e as entidades públicas que já trabalhavam a prevenção do suicídio, ou queriam trabalhar", esclarece o promotor de Justiça Hugo Mendonça, um dos coordenadores do Vidas Preservadas.

Para ele, é essencial priorizar a prevenção de suicídio como política pública "absolutamente necessária", que precisa ter recursos garantidos pelo orçamento público, tanto no âmbito estadual quanto nos municípios.

Vínculos

A psicóloga Alessandra Xavier, professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), participou do seminário e explica que se deve direcionar uma atenção especial para adolescentes em situação de violência sexual, envolvidos com uso abusivo de álcool e outras drogas, ou que não conseguem ter acesso à rede de atenção psicossocial.

"A gente tem também adolescentes com muitas dificuldades nos vínculos e conexões familiares. A predominância é relacionada à população LGBTQI+ que fica muito desprotegida, principalmente por ser alvo de preconceito".

Com informações do Diário do Nordeste.