quarta-feira, 22 de maio de 2019

20 cidades do Ceará estão com serviços bancários comprometidos

Agência destruída por explosão em Redenção, parte de ataques que vêm ocorrendo há anos no Estado
Agência destruída por explosão em Redenção, parte de ataques que vêm ocorrendo há anos no Estado (Foto: Júlio Caesar)
Abertura de contas, solicitação de empréstimos, recebimento de salários e aposentadorias, saques, transferências etc. Serviços importantes são afetados em diversas cidades do interior do Estado por conta de ataques de quadrilha de assaltantes a agências bancárias. Via de regra, com uso de explosivos, os criminosos destroem os prédios físicos das unidades, que demoram meses para serem reconstruídas.

Baseado em informes de funcionários, o Sindicato dos Bancários do Estado contabiliza, pelo menos, 20 cidades com agências fechadas ou com atendimento parcial devido à ação de bandidos. A maioria desses municípios fica na região Norte do Estado, em áreas como o Sertão de Sobral e a Serra da Ibiapaba. O Banco do Brasil é o mais afetado, com 16 unidades danificadas (ver infográfico abaixo).

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) não contabiliza o número de agências afetadas, nem os bancos divulgam números. O Bradesco afirmou, por meio de assessoria de imprensa, que a instituição não comenta o assunto. Até o fechamento desta edição, a Caixa Econômica Federal (CEF) também não respondeu aos questionamentos feitos ao banco. Já o Banco do Brasil (BB) diz que, "por razões de segurança e estratégia", não divulga o total de agências atingidas, porém, confirma as agências listadas pelo Sindicato dos Bancários como prejudicadas pelos ataques. A empresa ainda divulgou a previsão para as agências voltarem a funcionar (ver quadro). Enquanto agências de municípios, como Uruoca, devem retornar ao funcionamento em junho próximo, outras devem esperar até o ano que vem, como é o caso de Guaraciaba do Norte, cuja previsão de restabelecimento é maio de 2020.

Em nota, o Banco do Brasil lamenta os transtornos "ocasionados por fatores alheios à sua vontade". Conforme o banco, são cumpridas todas as exigências legais relativas a equipamentos e procedimentos de segurança. "Para impedir as investidas criminosas, faz-se necessário investimentos no aparato de Segurança Pública, especialmente em cidades de pequeno porte, localizadas no interior dos estados", traz resposta oficial. O Banco do Brasil cita ainda alternativas para os clientes que estão sem agências, como bancos postais, aplicativos para celulares e tablets.

O presidente do Sindicato dos Bancários, Carlos Eduardo Bezerra, destaca o impacto negativo para as economias dos municípios afetados pelos serviços bancários inexistentes ou parciais. Sem bancos, as cidades não conseguem fazer a articulação do papel-moeda, coloca ele. "Afetou diretamente os pagamentos de aposentadorias, salários, programas sociais, Bolsa Família. Além da poupança do município para o funcionamento dos órgãos. As pessoas, ao se deslocarem de onde sacavam o dinheiro, por 50 ou 100 quilômetros de distância, fazem seu consumo de subsistência em outro município. Esse ciclo quebra economicamente as cidades que estão sem a instituição financeira".

Este ano, já foram registrados nove ataques. O último foi em 8 de maio último, no município de Graça, a 288 quilômetros da Capital. Criminosos usaram dinamite para explodir caixas eletrônicos do banco Bradesco — eles ainda atacaram o destacamento da Polícia Militar (PM) da cidade. Este mês, ainda havia registrada explosão de um agência em Irauçuba, a 152 quilômetros da Capital. Os outros seis municípios que registraram ataques em 2019 são: Tejuçuoca (138 km da Capital), Tianguá (315 km da Capital), Tamboril (275 km da Capital), Tururu (109 km da Capital), Croatá (343 km da Capital) e Cariré (247 km da Capital).