A facilidade em tirar um porte de arma no Brasil desde
janeiro deste ano foi comprovada em reportagem da Folha de S. Paulo. E
custa cerca de R$ 1.500 na cidade de São Paulo. Basicamente, segundo a
reportagem, o candidato apresenta uma série de documentos e realiza dois
laudos: o psicológico e o de tiro. Dá para cumprir as etapas sozinho,
mas se procurar um clube de tiro fica mais fácil.
O laudo psicológico tem duas partes. Na primeira parte, há
exercícios como desenhar várias linhas de tracinhos verticais, além de
teste simples de riscar em ordem quadradinhos numerados de 1 a 50 em
menos de quatro minutos. Há ainda um exercício lúdico. Esses testes
podem indicar sinais de transtorno obsessivo compulsivo. O resultado da
avaliação fica pronto em cerca de uma semana. Uma vez aprovado, o
candidato segue para fazer o laudo do tiro.
Esse laudo também tem duas partes, e a primeira é
responder à “Prova Teórica de Armamento e Tiro” (lei federal 10.826/03),
com dez questões difíceis para leigos, como “A munição é composta por:
a) espoleta, estojo, pólvora e projetil; b) espoleta, alça mira, chumbo e
pólvora; c) cápsula, estojo, pólvora, propelente e iniciador.”
Para essas situações, um clube de tiro oferece curso de
quatro horas por R$ 650. O curso básico de tiro ensina regras de
segurança (jamais aponte a arma a alguém, mesmo descarregada),
definições e objetivos de uma arma de fogo, os fundamentos de tiro
(postura, respiração etc.), as diferenças entre revólver (tem um tambor
que gira e aparece nos faroestes) e pistola (tem um carregador com balas
que encaixa dentro da empunhadura; aparece em filmes de espião), os
defeitos que as armas podem apresentar e, finalmente, a legislação
brasileira sobre o assunto.
E é no curso que o candidato aprende que andar armado
pelas ruas pode levar a 2 a 4 anos de prisão, uma vez que a permissão é
para possuir a arma para defesa pessoal em casa, no caso do documento da
Polícia Federal — ou indo e voltando de um clube de tiro, no caso do
processo de atirador desportivo, controlado pelo Exército.
A parte prática do curso oferece, nos estandes de tiro,
alguns alvos. O curso destacado pela Folha dava direito a 50 tiros,
sendo dois de espingarda calibre 12 e o restante dividido entre pistola e
revólver. Os alvos ficam posicionados a 5 ou a 7 metros do atirador.
Após o curso, o aluno
se estiver apto, pode fazer o laudo de tiro. Há uma etapa de prova
teórica e outra rodada de tiros no porão do clube de tiro. Uma vez
aprovado, após entregar os documentos à Polícia Federal, candidato
recebe uma autorização para então comprar arma de fogo. A arma deve ser
registrada junto à PF ou ao Exército.