
O quarto de cinco filhos de família
tradicionalmente religiosa, Padre Cícero José, pároco-reitor da Basílica
Santuário Nossa Senhora das Dores, foi escolhido para ser o Cícero da
família. Ele é o 10º na sucessão da paróquia e o primeiro a carregar o
nome de Cícero. "A Cidade tem quase uma hipoteca com o Padim: tudo
respira a influência e os ensinamentos do padrinho", compara. "Uma
resposta a todo bem feito por ele", que, na fé do povo, há muito já é
santo.Núbia Almeida, professora do departamento de Ciências
Sociais da Universidade Regional do Cariri (Urca), frisa a importância
do padre na perspectiva da educação. "A preocupação dele, além da missão
maior - a religiosa -, foi no ensino. A contribuição dele para a
educação é muito significativa", frisa. Ela destaca que ele foi
responsável por dois grandes feitos: a Escola Normal Rural de Juazeiro
do Norte - a primeira do Brasil - e o Colégio Salesiano São João Bosco.
Ela avalia que, mesmo tendo sido formado em uma das
escolas mais importantes, o Seminário da Prainha, em Fortaleza, "foi
difícil que as pessoas admitissem que ele também era um intelectual,
porque ele se posicionou ao lado dos pobres". Após o caso conhecido como
"milagre da hóstia", no final do século XIX, Padre Cícero morreu sem
conciliação com a Igreja Católica. Em 2015, o Vaticano atendeu ao pedido
do bispo Dom Fernando Panico e reconciliou o padre com a igreja.
Segundo a pesquisadora, a beatificação é uma questão de justiça. "O
padre Cícero sempre foi um padre que amava a Igreja Católica. Embora, na
historiografia, muitas vezes tenha sido visto como um rebelde".
Conforme o Padre Cícero José,a paróquia espera um
documento de "nada consta que dê permissão para a Diocese começar o
processo de beatificação e encaminhar para Roma". "Infelizmente não
temos datas. Só rezamos e acreditamos que não demore muito".