Nomes tradicionais da política brasileira,
ex-ministros, ex-governadores e senadores que disputavam a reeleição,
não se elegeram para o Senado este ano.
Nomes como Roberto Requião (MDB-PR), Lindberg Farias (PT-RJ), Eduardo
Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PPS-DF), Magno Malta (PR-ES), Eunício Oliveira (MDB-CE),
Cesar Maia (DEM-RJ) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) não figuraram entre
os dois mais votados dos estados pelos quais se candidataram.
Dilma surpreende e perde
É o caso da ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT), que
decidiu disputar uma vaga de senadora por Minas Gerais após seu
impeachment. A petista aparecia disparada em primeiro lugar nas
pesquisas de intenção de voto desde o início da campanha, mas as vagas do estado ficaram com Rodrigo Pacheco (DEM) e Carlos Viana (PHS).
No Rio, o também petista Lindbergh Farias disputava a reeleição como
senador -posto que ocupa desde 2011. O parlamentar que já foi deputado
federal por dois mandatos e prefeito reeleito de Nova Iguaçu, na Baixada
Fluminense, ficará sem mandato. Lindbergh aparecia nas pesquisas em
terceiro lugar, com 15%, atrás do ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM),
com 18%, que também não se elegeu. O petista teve 10% dos votos,
enquanto Maia teve 16%. As vagas no estado ficaram com o líder nas
intenções de voto e filho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Flávio
Bolsonaro (PSL), e Arolde de Oliveira (PSD) –candidato que aparecia em
5º nas pesquisas, mas contou com apoio bolsonarista.
Suplicy fora em SP
Outro petista derrotado foi Eduardo Suplicy, em São Paulo, após
liderar as pesquisas durante todo o período eleitoral. Atualmente
vereador, Suplicy sofreu a segunda derrota consecutiva na disputa pelo
Senado -em 2014, perdeu para José Serra (PSDB). Desta vez, acabou
superado por Mara Gabrilli (PSDB) e Major Olímpio (PSL), que colou sua
imagem em Bolsonaro.
Ex-governadores no PR derrotados
No Paraná, duas grandes forças da política local ficaram de fora do
Senado: os ex-governadores Beto Richa (PSDB) e Roberto Requião (MDB).
Ambos eram líderes nas pesquisas às vésperas da eleição. Requião, atual
senador, liderava com folga, com 26%, segundo o Ibope de sábado (6).
Acabou em terceiro lugar, com 14%. "Efeito Bolsonaro e duro ataque de
infâmias e calúnias", comentou Requião, nas redes sociais. Ele atribuiu a
derrota ao "voto útil" nos dois vencedores, Professor Oriovisto (Podemos) e Flavio Arns (Rede), com o objetivo de
tirar Richa da segunda vaga. Richa, que terminou num amargo sexto
lugar, com 3% dos votos, foi preso por quatro dias em meio à campanha
eleitoral, numa investigação por suspeitas de desvios em obras públicas.
Ele nega irregularidades, e acusou a prisão de ser arbitrária e
política. Pela manhã, ao votar, o tucano disse que foi vítima de uma
"barbárie".
"Foi para exterminar, destruir minha candidatura", declarou. "Não
havia nem inquérito instaurado [era um procedimento investigativo do
Ministério Público], nunca havia sido chamado a dar depoimento. Que
mundo é esse?" A investigação que prendeu Richa é alvo de apuração do
CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).
Sarneys também sofreram duro golpe
No Maranhão, outros dois fortes nomes locais foram derrotados: Edison
Lobão (MDB) e Sarney Filho (PV) -o Zequinha, herdeiro do ex-presidente
José Sarney (MDB). Os eleitos foram Weverton (PDT) e Eliziane Gama
(PPS). Lobão é ex-governador, ex-ministro e atual senador.
Ele foi considerado suspeito, num desdobramento da Lava Jato, de ter
recebido propinas de cerca de R$ 5 milhões. Segundo a Odebrecht, o
parlamentar teria recebido o montante para interferir junto ao governo
federal para anulação da concessão da obra referente à Usina
Hidrelétrica de Jirau. Já o clã Sarney começou a perder protagonismo no
estado em 2014, quando o governador Flávio Dino (PC do B) se elegeu,
interrompendo um ciclo de quase 50 anos de influência da família na
política maranhense.
Goiás: ex-governador perde e comentarista de futebol é eleito
Em Goiás, o ex-governador do estado Marconi Perillo (PSDB) viu sua
liderança na corrida pelo Senado ruir de agosto até às vésperas da
eleição. Em setembro, ele se tornou réu sob acusação de corrupção
passiva, acusado de receber vantagens indevidas durante o mandato para
viabilizar contratos com a construtora Delta entre 2011 e 2012, no mesmo
processo que envolve Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos
Cachoeira. Perillo terminou em 5º no estado que governou por quatro
mandatos.
Vanderlan (PP) e Jorge Kajuru (PRP), comentarista de futebol, vão ocupar as duas cadeiras do Senado por Goiás.
Distrito Federal: adeus a Cristovam Buarque
Outro senador que perdeu o cargo foi Cristovam Buarque (PPS), que
cogitou concorrer à Presidência. Ele disputava, tecnicamente empatado
nas pesquisas, com o deputado federal Izalci (PSDB), que acabou eleito
no estado, junto com a ex-jogadora da seleção feminina Leila do Vôlei
(PSB). Aliado e quase vice de Jair Bolsonaro, o senador Magno Malta (PR)
também foi derrotado na busca pela reeleição no Espírito Santo. Ele
chegou a ser convidado para a chapa presidencial, mas ficou de fora por
decidir buscar mais um mandato.
Foram eleitos no estado Fabiano Contarato (Rede) e Marcos do Val
(PPS). Neste ano o eleitor escolheu dois candidatos ao Senado. O mandato
é de oito anos, mas as eleições ocorrem de quatro em quatro anos.
Assim, a cada eleição, a Casa renova, alternadamente, um terço e dois
terços de suas 81 cadeiras. Neste ano, 54 vagas estavam em disputa no
país -duas cadeiras por Unidade da Federação.