Um dia após a eleição, Jair Bolsonaro concedeu entrevista ao vivo para Rede Record. Em clima ameno, ele afirmou
que pretende governar para todos os brasileiros e que o país se
encontra em uma ‘crise ética, moral e econômica sem precedentes’.
Questionado sobre sua equipe de governo,
Bolsonaro confirmou apenas Paulo Guedes na economia, Onyx Lorenzoni como
ministro da Casa Civil e o general da reserva, Augusto Heleno como
ministro da Defesa. O tenente-coronel Marcos Pontes é cotado para o
Ministério da Ciência e Tecnologia, mas segundo Bolsonaro ainda faltam
alguns detalhes.
Bolsonaro não quis polemizar sobre a
oposição que seu governo deve sofrer. Ele também defendeu a liberdade de
expressão para, logo depois, criticar o trabalho da imprensa
brasileira.
Sobre previdência, ele afirmou que a
expectativa é aprovar uma reforma ainda durante o governo de Michel
Temer. Sem dizer quais, Bolsonaro disse que pretender cortar cargos,
ministérios e gastos com cartões corporativos.
Bolsonaro foi questionado sobre o papel
que o juiz Sergio Moro deve ter em seu governo. Ele diz que pretende
convidar o magistrado para ser ministro da Justiça e que ele também pode
ser um bom nome para o Supremo Tribunal Federal (STF). O novo
presidente recuou de sua ideia de aumentar o número de ministros na mais
alta corte do país e admitiu que estava enganado.
“O que é minoria? Todo mundo é igual”,
diz Bolsonaro ao ser questionado sobre defender o direito das minorias.
“Nós não podemos pegar certas minorias e achar que tem superpoderes”,
argumentou.
Venezuela
Sobre a Venezuela, Bolsonaro afirmou que o país não deveria entrar nunca no Mercosul por conta da cláusula democrática e que não existe nenhum projeto de qualquer ação militar em relação ao país vizinho.
Influência dos Estados Unidos
Assim como tem pregado durante toda a campanha, Bolsonaro afirmou que pretende ter uma aproximação maior com os Estados Unidos. Ele pretende visitar o país para falar com o mandatário Donald Trump. Ele pretende levar Paulo Guedes para tratar de assuntos econômicos e o general Augusto Heleno para tratar de cooperação militar.
Relações como congresso
Apesar de ter conquista a segunda maior bancada do Congresso —atrás do PT—, o partido de Jair Bolsonaro (PSL) não deve brigar pela presidência da Câmara dos Deputados. “Tenho falado para a minha bancada que eu não gostaria que nós lutássemos pela Presidência da Câmara”, disse.
Armas
Bolsonaro avisou que pretende flexibilizar a posse e o porte de armas de fogo. “Fico me perguntando: Por que um caminhoneiro não pode ter uma arma também?”, disse. Segundo ele, ter uma arma é uma necessidade diante do estado de violência do país. “Devemos abandonar o politicamente correto. Achar que se abandonarmos as armas o Brasil será melhor”, finalizou.
Movimentos sociais
Bolsonaro também deu sinais que pretende combater os movimentos sociais. “Movimento social que invade eu não tenho que conversar com ele”, declarou. Ele citou nominalmente o MST e o MTST e que pretender “armar o fazendeiro””.
Maioridade penal
“Se não for possível para 16, que seja para 17 [anos]. Por mim seria para 14, mas aí dificilmente seria aprovada. Pode ter certeza que reduzindo a maioridade penal, a violência no Brasil tende a diminuir”, disse quando questionado sobre maioridade penal no Jornal da Band.
Ditadura
Por fim, Bolsonaro relativizou a Ditadura e chegou mesmo a negar sua existência. Ele também argumentou que a censura aos meios de comunicação da época eram uma maneira de impedir o envio de mensagens cifradas para grupos que desejavam atacar autoridades. “O período militar não foi ditadura”, esbravejou.
Liberdade de imprensa
Em entrevista ao Jornal Nacional, Bolsonaro foi questionado sobre sua visão do trabalho da imprensa, Bolsonaro se disse um defensor da liberdade de expressão. Ele também declarou guerra do jornal “Folha de S.Paulo” alegando que o tradicional periódico fez campanha contra ele. Willian Bonner, por sua vez, fez questão de ressaltar que a “Folha de S.Paulo” faz jornalismo sério e tem papel fundamental na democracia do país.