Reportagem do UOL
informa que o candidato à presidência Ciro Gomes (PDT) foi investigado
por órgãos de inteligência das Forças Armadas durante o regime militar e
a redemocratização do país. Relatórios do Serviço Nacional de
Informações (criado em 1964 e extinto em 1990) detalham passos da vida
política de Ciro Gomes como a sua prisão em 1979 durante uma greve em
Fortaleza-CE. Um dos documentos narra um encontro estudantil em que o
político se posicionou contra o julgamento de torturadores que atuaram
na Ditadura.
Os documentos foram produzidos entre 1979 e 1988 —período em que Ciro foi militante estudantil, deputado estadual e disputou a prefeitura de Fortaleza.
Em um arquivo de 7 de agosto de 1979,
agentes do SNI informam que 11 estudantes —entre eles o candidato do
PDT— foram presos pela Polícia Militar por apoiar uma greve e distribuir
panfletos. Três meses após a prisão, Ciro participou do 1º Encontro
Nacional dos Estudantes Não-Alinhados ao comando da União Nacional dos
Estudantes (UNE) que era dominada por lideranças de esquerda na época.
O relatório com informações foi
produzido pelo Cisa-RJ (Centro de Informações da Aeronáutica do Rio de
Janeiro) detalha o encontro e apresenta algumas propostas apresentadas
por Ciro e outros estudantes no encontro. “O estudante Ciro Ferreira
Gomes considerou que deveria ser esquecida a ideia de julgamento de
torturadores […] uma vez que não há documentação legal que comprove os
crimes da repressão”, diz um trecho do despacho. Ainda conforme o
memorando, Ciro temia que a expressão “punição dos torturados” poderia
passar uma ideiam de revanchismo que, por sua vez, daria argumentos para
endurecer ainda mais o regime militar.
A SNI continuou a monitorar o político
após o fim da Ditadura. Análise sobre o cenário da disputa eleitoral
pela prefeitura de Fortaleza afirma o então governador do Ceará, Tasso
Jereissati (PSDB) “usou a máquina administrativa do estado e seu
prestígio pessoal e político em favor” de Ciro Gomes. Gomes venceu a eleição e assumiu o governo da capital cearense em janeiro de 1989.
Ciro Gomes ainda não se pronunciou sobre as informações publicadas pelo portal.