domingo, 18 de março de 2018

PSOL vai ao CNJ contra magistrada que acusou Marielle de ser engajada com crime

Partido fará representação contra desembargadora do TJ-RJ que publicou texto com informações falsas sobre vereadora; PSOL disse ainda que "estuda possíveis ações" contra deputado da bancada da bala que repetiu o ato

Assassinada aos 38 anos de idade, vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) foi homenageada na Câmara dos DeputadosO PSOL anunciou neste sábado (17) que irá entrar com representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra a desembargadora Marilia Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). A magistrada se tornou pivô de polêmica ao publicar em suas redes sociais um texto acusando a vereadora Marielle Franco, assassinada na noite da última quarta-feira (14) , de ser "engajada com bandidos". 

Na publicação, que acabou excluída do Facebook após a repercussão e de uma enxurrada de críticas, a desembargadora atribui a morte de Marielle Franco ao "comportamento" da vereadora – supostamente eleita com o apoio da facção criminosa Comando Vermelho, segundo escreveu Castro Neves. A magistrada do TJ-RJ disse ainda que a esquerda tenta "agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro".

"A tal Marielle não era apenas uma ‘lutadora’, ela estava engajada com bandidos! Foi eleita pelo Comando Vermelho e descumpriu ‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores. Ela, mais do que qualquer outra pessoa ‘longe da favela’ sabe como são cobradas as dívidas pelos grupos entre os quais ela transacionava”, dizia o texto publicado pela desembargadora.

Em nota, o PSOL diz que o texto da magistrada é "absolutamente irresponsável" e garante que será protocolada representação no CNJ no início da semana. "A desembargadora entrou na 'narrativa' que vem sido feita nas redes sociais para desconstruir a imagem de Marielle, do PSOL e da luta pelos direitos humanos", lamenta a legenda.

Marcinho VP

O partido também desmentiu outra história que circulou em redes de trocas de mensagem acusando Marielle de ter sido casada com o traficante Marcinho VP (Márcio Amaro de Oliveira) – que comandou a venda de drogas no morro Santa Marta, na zona sul do Rio, e acabou morto em 2003.

O texto afirmava que Marielle chegou a ter um filho com o criminoso aos 16 anos de idade e até mesmo exibia uma suposta foto do casal – que era falsa e não retratava nenhum dos dois.

Uma das versões da história foi compartilhada pelo deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) em sua conta no Twitter. O PSOL afirmou que "estuda possíveis ações" contra o parlamentar, que é coronel da reserva da Polícia Militar do DF e integra a chamada 'bancada da bala'.