O governador Camilo Santana (PT) poderá ter até 21 partidos políticos
na coligação que dará sustentação à sua tentativa de reeleição, no
pleito de outubro próximo. De acordo com o secretário chefe da Casa
Civil, Nelson Martins, até 128 dos 184 prefeitos do Estado podem apoiar
eventual candidatura do chefe do Poder Executivo. Na Assembleia
Legislativa, 37 dos 46 deputados estaduais compõem a base governista.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, Martins ressaltou ainda que uma
discussão mais direta com os partidos políticos se dará somente após o
período de Carnaval. Até lá, as discussões serão apenas internas. No
entanto, ele ressaltou que o próprio governador tem tratado
permanentemente com as agremiações aliadas, principalmente com o
ex-governador Cid Gomes (PDT), que lidera o maior grupo político no
Estado atualmente, junto com o Partido dos Trabalhadores (PT) e o
Partido Socialista Brasileiro (PSB).
"O melhor articulador desse processo é o próprio governador, e a gente
tem feito um trabalho complementar. Nosso trabalho tem sido de relação
com as partes envolvidas, pois existe um diálogo constante com todos os
movimentos", disse Martins.
Movimentos sociais
Depois de um ano e meio sem titular, o Governo retomou as atividades da
Assessoria Especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais. Ela será
dirigida pelo petista Cícero Cavalcante, que é ligado ao vereador
Acrísio Sena, a quem coube liderar a Pasta no início da gestão. De
acordo com Nelson Martins, a reativação do cargo objetiva uma ligação
direta entre a administração estadual e os movimentos sociais, além de
traçar planos com sindicatos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e
Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece) e com os
servidores estaduais.
A ideia é traçar "o melhor ambiente" para as candidaturas
proporcionais, pois, no que diz respeito às agremiações que vão dar
sustentação à candidatura de Camilo, há uma quantidade considerável de
partidos já dispostos a estarem ao lado do governador. Nos cálculos do
Governo, esse número pode chegar a 21 agremiações partidárias.
Para a disputa proporcional, a pretensão do governador Camilo, segundo
Nelson Martins, é formar uma aliança ampla para a disputa para deputado
federal e repeti-la no pleito para deputado estadual. "Quanto mais
ampla, melhor. A posição do Governo é termos um grande bloco de
deputados estaduais também, pois isso vai ajudar na eleição do
governador e de nossa base aqui na Assembleia".
'Blocão'
Nelson Martins destacou, porém, que alguns partidos, por conta de
cálculos eleitorais, não deverão estar no chamado "blocão" da base
governista, visto a necessidade de votação expressiva no grupo para
garantir eleição. Por conta disso, outras coligações menores devem ser
formadas para potencializar as eleições de membros dessas siglas. "Temos
uns 34 partidos no Estado, e uns 21 partidos que estariam na coligação
para apoiar o governador", afirmou.
Segundo ele, há um diálogo com o PT, partido do governador, que já
teria definido internamente ir para a disputa isolado, mas esta decisão
não seria definitiva, diz Nelson. "Eles acreditam que é melhor sair
separado para a estadual, porque (o partido) teria sido prejudicado no
pleito passado. Mas o PT, mesmo tendo eleito apenas dois deputados, em
momento algum teve menos do que quatro deputados nesta Legislatura. Em
determinado momento esteve até com cinco".
O Governo também pretende atuar de forma mais firme na boa relação com
os prefeitos do Ceará. Neste ponto, o próprio governador é quem recebe
permanentemente gestores municipais. O balanço feito pela gestão com
relação a apoios de prefeitos e ex-prefeitos a Camilo Santana gira em
torno de 65% a 70%, o que daria um total de até 128 prefeituras dando
sustentação à administração do petista.
Prioridades
"Eles tendem muito fortemente a apoiar o governador. Isso deve
acontecer porque ele (Camilo) tem se reunido muito com eles, atendido às
demandas, e eu faço o trabalho de definir as prioridades. Também temos
mantido contato com ex-prefeitos e lideranças. Nesta área está tudo
bem", avaliou o gestor.
Ele ressaltou que outra frente de atuação diz respeito ao trato com os
deputados. Na avaliação de Nelson Martins, a base do Governo, além de
ter aumentado, também melhorou no que diz respeito à qualidade. Após o
Carnaval, conforme informou, o debate será mais direcionado aos partidos
políticos.
Oposição
Questionado sobre a possível presença de parlamentares da oposição no
palanque de Camilo Santana durante o pleito, dando apoio ao governador, o
secretário disse que isso seria "excelente" e citou, por exemplo, a
relação de proximidade que o Governo tem tido com os deputados federais
Gorete Pereira e Cabo Sabino, ambos do PR.
"A relação da Gorete com o governador é muito boa, e com o Sabino
também. Eu já o recebi várias vezes no Palácio (da Abolição). Se for
possível, será excelente. Até o momento, não houve qualquer conversa
direta, mas nossa relação institucional é excelente", destacou.