Doenças
silenciosas, o diabetes e a hipertensão são dois dos principais fatores
de risco cardiovascular, a principal causa de morte entre as mulheres
no País - na frente, até mesmo, do câncer de mama. Os sintomas são mais
evidentes quando a doença já está em estágio mais avançado e, por isso, é
importante sempre estar atenta. Uma mudança de hábitos, tanto em
relação à alimentação quanto à prática de atividades físicas, é decisiva
no tratamento.
A endocrinologista Helane Gurgel, diretora médica
do Lab Pasteur, explica que o diabetes pode ser do tipo 1 e do tipo 2.
Menos comum, o primeiro pode ser logo observado na infância, sendo
conhecido como diabetes 'insulinodependente'. Não há produção de
insulina, então os pacientes precisam de injeções diárias para manter os
níveis de glicose. Já o tipo 2 é comumente associado à história
familiar, mas também pode ser adquirido. "Muitas vezes, as pessoas são
surpreendidas com o diagnóstico, porque é uma doença silenciosa. Nos
casos mais avançados, o paciente pode ter muita sede, urinar demais,
perder peso, ter infecções oportunistas", aponta a médica.

Algumas vezes, a alteração da glicose no
metabolismo pode ocorrer devido à medicação, como no caso das mulheres
que fazem tratamento de câncer de mama. A quimioterapia, por exemplo,
pode promover mudanças negativas no padrão da glicose. “As medicações
podem facilitar a instalação de diabetes em pacientes que já têm
predisposição. Essas mulheres precisam ter muita consciência para
avaliar a glicemia e seguir recomendação médica", frisa a
endocrinologista.
Helane lembra que no Outubro Rosa, mês dedicado à
prevenção e ao combate do câncer de mama em todo o mundo, a atenção com
a saúde da mulher deve ser contínua. "É importante que as mulheres,
após tratamento (para o câncer), sigam cuidando-se. Elas venceram uma
grande guerra, não vão então perder as pequenas batalhas", afirma.
Hipertensão
A
alimentação saudável, com baixa ingestão de sal e gorduras saturadas,
previne uma série de complicações, dentre elas a hipertensão. Na última
década, o número de pacientes diagnosticados com hipertensão cresceu
14,2%. A capital cearense teve 24,1 casos dessa doença em mulheres
adultas para cada 100 mil habitantes. Os dados são da Vigitel 2016.
Em
geral, os pacientes com hipertensão podem apresentar sintomas como
dores na cabeça, na nuca e nas costas. "Hipertensão e diabetes exigem
cuidados eternos, o paciente tem que estar sempre acompanhado pelo
médico endocrinologista e cardiologista”, completa Helane.
Conscientização
Há
mais de três anos, a aposentada Fernanda Vieira Coelho, 52, é
diabética. A alimentação passou por mudanças rigorosas, sob
acompanhamento médico. "Foi uma mudança da água pro vinho. Hoje, tenho
controle muito grande, mas antes eu era uma pessoa que comia de tudo.
Amo açúcar", diz.
Fernanda passou a ser diabética devido à
cirurgia de retirada do pâncreas, em março de 2014. O procedimento foi
necessário por causa do tratamento de câncer de pâncreas, descoberto em
meados de 2013. Além da alimentação regrada, a aposentada toma doses
diárias de insulina, das 6h às 23 horas, e pratica pilates.
"É
muito difícil, e como a médica diz, é uma doença silenciosa. Se eu como
açúcar, a glicemia sobe. Eu não sinto nada imediatamente, mas tem que
ter cuidado porque pode danificar os rins, há risco de perder a visão,
de alguma doença no coração", enumera a paciente.
Em casa, ela
conta com apoio da "força-tarefa" da família para evitar os alimentos
gordurosos ou com muito açúcar. Esposo, pais, filha e sobrinho
preocupam-se com a saúde da aposentada. "Hoje, eu me sinto uma pessoa
mais forte, mais determinada. Após a cura, a gente se sente uma
fortaleza", narra.