sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Hábitos saudáveis são aliados no tratamento de diabetes e hipertensão




 
Doenças silenciosas, o diabetes e a hipertensão são dois dos principais fatores de risco cardiovascular, a principal causa de morte entre as mulheres no País - na frente, até mesmo, do câncer de mama. Os sintomas são mais evidentes quando a doença já está em estágio mais avançado e, por isso, é importante sempre estar atenta. Uma mudança de hábitos, tanto em relação à alimentação quanto à prática de atividades físicas, é decisiva no tratamento.

A endocrinologista Helane Gurgel, diretora médica do Lab Pasteur, explica que o diabetes pode ser do tipo 1 e do tipo 2. Menos comum, o primeiro pode ser logo observado na infância, sendo conhecido como diabetes 'insulinodependente'. Não há produção de insulina, então os pacientes precisam de injeções diárias para manter os níveis de glicose. Já o tipo 2 é comumente associado à história familiar, mas também pode ser adquirido. "Muitas vezes, as pessoas são surpreendidas com o diagnóstico, porque é uma doença silenciosa. Nos casos mais avançados, o paciente pode ter muita sede, urinar demais, perder peso, ter infecções oportunistas", aponta a médica.

De acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2016, divulgada este ano pelo Ministério da Saúde, em Fortaleza, 8,5% das mulheres adultas tiveram diagnóstico de diabetes. A doença já matou 32.836 mulheres em 2015 - 731 a mais do que no ano anterior, ainda segundo dados mais recentes do órgão.

Algumas vezes, a alteração da glicose no metabolismo pode ocorrer devido à medicação, como no caso das mulheres que fazem tratamento de câncer de mama. A quimioterapia, por exemplo, pode promover mudanças negativas no padrão da glicose. “As medicações podem facilitar a instalação de diabetes em pacientes que já têm predisposição. Essas mulheres precisam ter muita consciência para avaliar a glicemia e seguir recomendação médica", frisa a endocrinologista.

Helane lembra que no Outubro Rosa, mês dedicado à prevenção e ao combate do câncer de mama em todo o mundo, a atenção com a saúde da mulher deve ser contínua. "É importante que as mulheres, após tratamento (para o câncer), sigam cuidando-se. Elas venceram uma grande guerra, não vão então perder as pequenas batalhas", afirma.

Hipertensão

A alimentação saudável, com baixa ingestão de sal e gorduras saturadas, previne uma série de complicações, dentre elas a hipertensão. Na última década, o número de pacientes diagnosticados com hipertensão cresceu 14,2%. A capital cearense teve 24,1 casos dessa doença em mulheres adultas para cada 100 mil habitantes. Os dados são da Vigitel 2016.

Em geral, os pacientes com hipertensão podem apresentar sintomas como dores na cabeça, na nuca e nas costas. "Hipertensão e diabetes exigem cuidados eternos, o paciente tem que estar sempre acompanhado pelo médico endocrinologista e cardiologista”, completa Helane.

Conscientização

Há mais de três anos, a aposentada Fernanda Vieira Coelho, 52, é diabética. A alimentação passou por mudanças rigorosas, sob acompanhamento médico. "Foi uma mudança da água pro vinho. Hoje, tenho controle muito grande, mas antes eu era uma pessoa que comia de tudo. Amo açúcar", diz.

Fernanda passou a ser diabética devido à cirurgia de retirada do pâncreas, em março de 2014. O procedimento foi necessário por causa do tratamento de câncer de pâncreas, descoberto em meados de 2013. Além da alimentação regrada, a aposentada toma doses diárias de insulina, das 6h às 23 horas, e pratica pilates.
 
"É muito difícil, e como a médica diz, é uma doença silenciosa. Se eu como açúcar, a glicemia sobe. Eu não sinto nada imediatamente, mas tem que ter cuidado porque pode danificar os rins, há risco de perder a visão, de alguma doença no coração", enumera a paciente.

Em casa, ela conta com apoio da "força-tarefa" da família para evitar os alimentos gordurosos ou com muito açúcar. Esposo, pais, filha e sobrinho preocupam-se com a saúde da aposentada. "Hoje, eu me sinto uma pessoa mais forte, mais determinada. Após a cura, a gente se sente uma fortaleza", narra.