Dirigentes cearenses do PSDB e do PR decidiram cobrar uma posição do
senador Eunício Oliveira, presidente estadual do PMDB, quanto às
eleições do próximo ano. Eles, e dizem não estar sozinhos nessa
empreitada, querem saber, o quanto antes, ainda neste ano, qual a
disposição do senador em disputar um cargo majoritário, de governador ou
à reeleição, e, se com os aliados do pleito de 2014 e 2016, ou com o
grupo situacionista, apoiando a pretensa reeleição do governador Camilo
Santana, de quem foi adversário na última disputa estadual.
Luiz Pontes e Roberto Pessoa, principais representantes das duas
maiores siglas adversárias no Estado, estão visivelmente incomodados com
as informações, registradas neste espaço, no início deste mês, e não
contestado pelos atores citados, Eunício e Camilo, sobre o entendimento
para a participação do peemedebista na chapa senatorial do chefe do
Executivo cearense, na companhia do ex-governador Cid Gomes, disputando a
outra vaga no Senado pelo PDT. Reservadamente, Luiz e Roberto
conversaram com o senador Tasso Jereissati na última quinta-feira. Na
pauta estava o ultimato a Eunício, e a estratégia das oposições para
2018, com ou sem o peemedebista.
Para Roberto Pessoa, Eunício, Camilo e Roberto Cláudio estão
compartilhando muito as mesas de almoços e jantares. Vão acabar
"engordando demais". E como esse tipo de encontro tão frequente só
acontece entre aliados, é preciso que o senador venha a público dizer
"se está ou não conversando sobre aliança com eles".
Bloco na rua
A disposição dos dirigentes dos partidos de oposição é dar um prazo,
até meados de outubro, quando estarão definidas todas as normas legais
da próxima disputa eleitoral, para Eunício dizer se continua ou não no
bloco organizado para os dois últimos pleitos, quando eles se
organizaram para enfrentar os candidatos de Cid e Ciro Gomes.
Luiz Pontes entende ser o mês de novembro o limite para todos os
acertos da oposição. Não dá para aceitar, como fala Eunício, esperar
chegar o ano eleitoral para discutirem alianças e candidaturas. "Em
novembro o bloco tem que estar na rua", diz o tucano, admitindo,
implicitamente, não contarem mais com o concurso do peemedebista,
encabeçando ou compondo a chapa majoritária concorrente do governador. O
PSDB vai montar um palanque no Ceará, também para abrigar o candidato
do partido à sucessão presidencial.
No entendimento de Pessoa, só os governistas, até pelas benesses sob
suas ordens, atraente a todos quantos gostam de estar apegado ao Poder,
têm o privilégio de empurrar com a barriga suas definições sobre o
pleito seguinte. A oposição não. Esta, quanto mais adia sua posição em
relação a candidatos e coligações "mais enfraquecida fica", posto
reduzirem-se demasiadamente os espaços de negociações e convencimentos
dos eleitores, mesmo sabendo, por outro lado, das dificuldades
experimentadas pelas antecipações de candidaturas.
Óbvio que o peemedebista não satisfará os interesses deles. Repisará o
discurso de que só tratará de 2018 quando o próximo ano chegar. E que
continuará ajudando o Ceará, através do governador e do prefeito da
Capital, por ser sua obrigação como representante do Estado no Senado
Federal. Um discurso cômodo, e também prudente, embora nada interessante
para os oposicionistas que o têm como o nome mais forte para
representá-los no embate eleitoral próximo.
Contraponto
Também têm razão os dirigentes partidários de cobrar uma definição de
Eunício, agora, não apenas pelo fato de ele ter estimulado o grupo a se
manter unido em torno de si, ao afirmar, a partir do resultado eleitoral
de 2014, e na campanha municipal de 2016, ser candidato a governador em
2018, com a mesma estrutura daquele momento, como pelo fato de aquelas
agremiações não contarem com outros nomes à disposição para fazer o
contraponto com Camilo. Uma postulação do senador Tasso Jereissati, o
sonho de todos os oposicionistas e o temor dos governistas, por ele
mesmo está descartada, segundo aliados mais próximos.
Até o anúncio público da aliança do PMDB com os principais apoiadores
de Camilo, o PDT e o PT, surgirão comentários das mais diversas
espécies, confirmando e negando a sua existência. A especulação é
próprio da política brasileira. Os principais protagonistas, por
interesses variados, evitam confirmações públicas, mas agem de modo a
que todos percebam o algo novo, tanto na mudança dos discursos como nas
orientações aos liderados de se aproximarem dos futuros aliados.
A declaração do ex-governador Cid Gomes, aqui registrada no último dia
16, de ter o governador Camilo Santana a responsabilidade pelas alianças
e outras providências com vistas à sua reeleição, podendo contar com
todo o seu consentimento, foi uma das senhas para os governistas
reticentes começarem a conviver com o novo momento.
A política brasileira é feita à base das conveniências. A participação
de Eunício na chapa majoritária de Camilo, satisfará aos interesses dos
dois e de seus respectivos companheiros. Da parte do governador, por
eliminar um forte adversário e deixar menor a oposição. Para o senador, a
composição o deixa mais perto da reeleição, sem o esforço que teria de
despender como oposição. Isso, se os correligionários não os forçasse a
ser candidato a governador, levando-o ao sacrifício de ter que
interromper a sua vida parlamentar.
Reforma Política
No próximo sábado, 7 de outubro, um ano antes do dia da votação, toda a
legislação a ser obedecida no pleito de 2018, terá que estar vigorando.
O Congresso Nacional, na próxima semana, ainda votará algumas
proposições, entre elas a criação do Fundo para custear as despesas dos
partidos e candidatos. A Câmara decidiu não votar o projeto aprovado
pelo Senado, nesta semana, e vai deliberar sobre uma proposta nova do
deputado Vicente Cândido, que, se aceita, ainda precisa receber o aprovo
do Senado.
Este, por sua vez, vai apreciar as alterações feitas na emenda
constitucional tratando do fim das coligações partidárias. A emenda
constitucional precisa ser promulgada até sábado, enquanto as outras
mudanças precisam ser sancionadas pelo presidente Michel Temer. Enfim,
de nada valeu toda a discussão travada ao longo dos últimos meses, pois
as mudanças a serem introduzidas na legislação eleitoral, muito deixam a
desejar.