segunda-feira, 24 de julho de 2017

Joesley diz que delação foi seu 'renascimento': 'novo ser humano'

Divulgação/JBS
O empresário e delator Joesley Batista quebrou o silêncio pouco mais de dois meses depois de sua delação vir à tona e provocar uma nova crise política e uma denúncia contra o presidente Michel Temer.

Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo neste domingo, Joesley diz que de uma hora para outra passou de “maior produtor de proteína animal do mundo, de presidente de um dos maiores grupos empresariais privados brasileiros, a ‘notório falastrão’, ‘bandido confesso’, ‘sujeito bisonho’ e tantas outras expressões desrespeitosas”.

O empresário disse que decidiu escrever o artigo “para acabar com mentiras e folclores”. Joesley disse que o dia 17 de maio, quando o conteúdo de sua delação veio à tona, foi o dia de seu “renascimento”.

“Senti-me um novo ser humano, com valores, entendimento e coragem para romper com elos inimagináveis de corrupção praticada pelas maiores autoridades do nosso país”, escreveu o delator.

Ele diz que, desde, então vive “num turbilhão para o qual são arrastados minha família, meus amigos e funcionários”.

“Políticos, que até então se beneficiavam dos recursos da J&F para suas campanhas eleitorais, passaram a me criticar, lançando mão de mentiras. Disseram, por exemplo, que, depois da delação, eu estaria flanando livre e solto pela Quinta Avenida, quando, na verdade, nem em Nova York eu estava”.

“A lista das inverdades não parou por aí. Mentiram que eu estaria protegendo o ex-presidente Lula; mentiram que eu seria o responsável pelo vazamento do áudio para imprensa para ganhar milhões com especulações financeiras; que eu teria editado as gravações”.

O empresário diz que, desde então, está focado na segurança da família e na saúde financeira das empresas.

No artigo, Joesley ainda reclamou que poucos mencionam a multa de R$ 10,3 bilhões a ser paga no acordo de leniência. “Essa obrigação servirá para que nossas próximas gerações jamais se esqueçam dessa lição do que não fazer. Não tenho dúvida de que esse acordo pagará com sobra possíveis danos à sociedade brasileira”.