O mês de julho chegou e trouxe consigo as férias, período em que o
estudo de novos conteúdos e a resolução de tarefas perde espaço para
brincadeiras. Contudo, a diversão pode acabar em transtorno, caso
algumas medidas de segurança não sejam tomadas pelos pais ou
responsáveis pelas crianças. Ao longo de 2016, a Emergência do Instituto
Doutor José Frota (IJF) contabilizou 15.240 atendimentos por ocasião de
acidentes domésticos com crianças entre 0 a 14 anos, uma média de 1.270
ocorrências por mês.
Essa pausa entre um semestre e outro em função do recesso escolar
favorece o registro de incidentes envolvendo o público infantil. Isso
porque, somente em julho do ano passado, o hospital somou 1.176
ocorrências, desde quedas com fraturas expostas a queimaduras após
choque elétrico o que, para a coordenadora nacional da Organização
Não-Governamental Criança Segura, Gabriela Freitas, é resultado do tempo
livre que as crianças têm para criar brincadeiras e explorar os
ambientes da casa onde vivem. "Se elas estão passando mais tempo em
casa, podem ter mais chance de explorar cada cômodo e acabar encontrando
objetos que representam um risco para elas, como produtos de limpeza,
ou inventarem uma brincadeira para escalar um móvel e acabar se
machucando", observa, ressaltando ainda que a cozinha apresenta mais
riscos, uma vez que os utensílios do espaço podem provocar lesões
graves. "Além de queimaduras que podem ocorrer no fogão ou com bebidas e
alimentos quentes, há também risco de lesão por causa dos objetos de
vidro, cerâmica e facas.
Quedas
Entre janeiro e junho deste ano, 7.290 crianças precisaram de
atendimento na unidade. Desse total, 2.290 foram vítimas de queda e
outras 1.076 por sufocamento após penetração de corpo estranho na boca,
nariz ou ouvido. O acolhimento somou ainda 404 acidentes com animais ou
plantas venenosas, 331 queimaduras e 622 acidentes em vias urbanas por
atropelamento ou colisão de carros e motocicletas.
Uma parcela das ocorrências tabuladas é resultado da falta de
monitoramento constante à criança. Mesmo na hora do repouso, conforme
explica o superintendente do IJF, Osmar Aguiar, é preciso estar atento
ao sono dos pequenos. "Em bebês de até 2 anos, as quedas acontecem da
cama, de rede ou até do braço do adulto. Já as crianças em fase de
crescimento e autonomia, entre 5 a 12 anos, começam a ter escorregões,
cair de muros, lajes e de árvores", pontua.
Pequenos, mas perigosos, objetos de fácil alcance podem comprometer a
saúde das crianças. Moedas, pilhas e materiais pontiagudos fazem parte
da lista. "A obstrução de corpo estranho pode causar perfurações no
esôfago, estômago ou intestino e hemorragias", explica o endoscopista
Alessandrino Terceiro.
Por menor o tempo em que a criança fica desassistida, o perigo está
ali. Bastou o pequeno José Armando de apenas 1 ano e 2 meses ficar
sozinho no quarto para então engolir caroços de milho. De Crateús, no
Interior, a criança foi transferida para o IJF e passa bem. Depois do
susto, fica a experiência. "Vamos ficar mais atentos para que isso não
aconteça mais com o meu filho", garante Fernando Alves, 35. (Colaborou
Felipe Mesquita)