Em
1987, quando era presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de
Turismo), o atual prefeito da cidade de São Paulo, João Doria Jr
(PSDB-SP) fez uma proposta no mínimo curiosa: reduzir a verba para
irrigação no Nordeste e transformar a seca em ponto turístico.
Segundo
informações da Carta Capital, a ideia foi apresentada em 30 de junho de
1987, durante visita a Fortaleza, onde se encontrou com o então
governador do Ceará, Tasso Jereissati, atualmente senador tucano pelo
Ceará, e inúmeros empresários.
A
Caatinga nordestina poderia ser um ponto de visitação turística e gerar
uma fonte de renda para a população sofrida da área, respeitando as
características culturais e humanas da população, sem exploração da
miséria, declarou Doria de acordo com reportagem publicada no jornal O
Globo com o título “Doria Jr. propõe que seca vire atração turística”.
Para
defender seu ponto de vista, Doria disse que de cada 100 projetos
turísticos na região, apenas quatro deixam de garantir retorno, enquanto
de 100 projetos de irrigação, 75 dão resultados negativos e somente 25
asseguram rentabilidade.
No
texto publicado no jornal O Estado de S.Paulo na época, o ex-presidente
da Embratur afirmou que “não estava propondo que a seca, na sua
inclemência e na miséria de sua gente, se transforme num ponto de
atração turística. Pelo contrário, o que vislumbro é o fato de podermos
transformar a seca num ponto positivo, onde os trabalhadores
prejudicados por ela pudessem desenvolver outras atividades, como
artesanato e trabalhos diferentes daqueles do campo”.
O comentário desagradou muitas pessoas no período e foi criticado por políticos.
O outro lado
A
Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo afirma, em nota,
que as declarações de Doria em 1987 foram desvirtuadas. O então
presidente da Embratur teria defendido que “o Ceará não explorasse
apenas o litoral em termos turísticos, mas valorizasse o interior, como a
região da Caatinga, para promover a geração de renda. Trinta anos
depois, estas regiões, e não apenas no Ceará, têm vários atrativos
turísticos – caso de Quixadá, apenas para ficar num exemplo”. E garantiu
que ele nunca disse que a miséria da seca deveria ser explorada.