quarta-feira, 17 de maio de 2017

Aécio pediu R$ 2 milhões a dono da JBS, revela gravação


'Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação', diz Aécio em gravaçãoEm matéria publicada pelo colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim, com ajuda de Guilherme Amado, grampo revela que Aécio pediu R$ 2 milhões a dono da JBS. Joesley Batista foi quem entregou a gravação à Procuradoria Geral da República. No áudio, o presidente do PSDB, que é o mais citado nas delações na Odebrecht, surge pedindo dinheiro ao empresário, sob a justificativa de que precisava da quantia para pagar despesas com a sua defesa na Lava Jato.

Segundo a matéria, o diálogo gravado durou cerca de 30 minutos, e o encontro aconteceu no dia 24 de março no Hotel Unique, em São Paulo. “Quando Aécio citou o nome de Alberto Toron, como o criminalista que o defenderia, não pegou o dono da JBS de surpresa. A menção ao advogado já havia sido feita pela irmã e braço-direito do senador, Andréa Neves. Foi ela a responsável pela primeira abordagem ao empresário, por telefone e via WhatsApp (as trocas de mensagens estão com os procuradores). As investigações, contudo, mostrariam para a PGR que esse não era o verdadeiro objetivo de Aécio”, escreveu Lauro Jardim.

O pedido de ajuda foi aceito, e o empresário quis saber quem pegaria as malas. A matéria divulga o diálogo a seguir:
“Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”, propôs Joesley.
“Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho”, respondeu Aécio.

Ainda de acordo com O Globo, Aécio indicou o primo, Frederico Pacheco de Medeiros, para receber o dinheiro. Frederico foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014, na área de logística. O diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, um dos sete delatores da empresa, foi quem levou o dinheiro a Frederico, em quatro entregas de R$ 500 mil cada uma. Lauro Jardim indica que a PF também filmou uma delas.

As filmagens mostram que, após receber o dinheiro, Frederico repassou, ainda em São Paulo, as malas para o secretário parlamentar do senador Zeze Perrella (PMDB-MG), Mendherson Souza Lima. Mendherson levou a propina de carro para Belo Horizonte em três viagens sempre seguido pela PF. O assessor negociou para que os recursos fossem parar na Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de Gustavo Perrella, filho de Zeze Perrella. “Não há, portanto, nenhuma indicação de que o dinheiro tenha ido para o advogado Toron”, conclui o colunista.

Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, recebeu o material na semana passada, e a PGR diz ter provas para afirmar que o dinheiro não foi repassado a advogados.