A irmã e assessora do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Andréa Neves, foi
presa por agentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal na
manhã desta quinta-feira (18) em Nova Lima, na Região Metropolitana de
Belo Horizonte, em Minas Gerais.
A casa de Andrea fica em um condomínio fechado em Nova Lima e uma fonte
da Polícia Federal confirmou que a irmã do senador foi presa em casa.
No Rio, um chaveiro foi chamado para os agentes cumprirem o mandado de
busca e apreensão no apartamento de Andréa em Copacabana, na Zona Sul.
Este imóvel pertenceu ao ex-presidente Tancredo Neves, avô de Aécio e
Andréa.
A operação foi deflagrada a partir da delação da JBS, revelada pelo jornal O Globo. Nela, Aécio Neves aparece pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista para pagar a defesa dele na Lava Jato. As informações foram confirmadas pela TV Globo.
De acordo com o a delação, Aécio indicou um primo dele para receber o
dinheiro, e a entrega foi filmada pela Polícia Federal. A PF também
rastreou o caminho do dinheiro e descobriu que foi depositado em uma
empresa do também senador Zezé Perrella (PMDB-MG).
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), mandou afastar o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves
(MG), do mandato de senador. O magistrado, no entanto, optou por não
decretar monocraticamente o pedido apresentado pela Procuradoria Geral
da República (PGR) para prender o parlamentar tucano.
No despacho, conforme apurou a TV Globo, Fachin decidiu submeter ao
plenário do Supremo o pedido de prisão de Aécio solicitado pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Operação em várias cidades
No Rio de Janeiro, a operação começou por volta das 5h, com autorização
do Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram feitas buscas nos
apartamentos de Aécio e de Altair Alves Pinto, conhecido por ser braço
direito do deputado Eduardo Cunha, que está preso. As diligências foram
todas autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Por volta das 6h15, pelo menos cinco carros descaracterizados da
Polícia Federal chegaram à chapelaria do Congresso, em Brasília, que é a
principal entrada e a mais utilizada pelos parlamentares. No Congresso,
as buscas são feitas nos gabinetes de Aécio e Perrella e do deputado
Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). O G1 não conseguiu localizar a defesa
deles.
Em Belo Horizonte, policiais federais estão no prédio onde mora Aécio, no bairro Anchieta,
na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Uma viatura da PF com cinco
policiais chegou por volta das 6h. Ainda não se sabe se alguém foi
encontrado no apartamento. Os agentes também estão na casa de Perrella,
no bairro Belvedere, Região Centro-Sul.
Agentes também fazem buscas em fazendas da família Neves no interior de Minas Gerais.
Afastamento
Também estão sendo feitas buscas em endereços ligados a Aécio em Belo Horizonte e em Brasília, e o STF determinou o afastamento de Aécio e de Rocha Loures dos mandatos.
O procurador da República Ângelo Goulart Villela foi
preso e há mandado de prisão contra o advogado Willer Tomaz, que é
ligado a Eduardo Cunha. A PF também faz buscas no Tribunal Superior
Eleitoral, onde atua o procurador da República preso.
O G1
tentou ligar para uma assessora de Aécio Neves, mas o telefone estava
desligado. Também não conseguimos contato com os outros citados na
reportagem.
Delação da JBS
A operação teve início após a delação do dono do frigorífico JBS,
Joesley Batista, que entregou à Procuradoria-Geral da República uma
gravação do senador Aécio Neves pedindo a ele R$ 2 milhões.
No áudio, com duração de cerca de 30 minutos, o presidente nacional do
PSDB justifica o pedido dizendo que precisava da quantia para pagar sua
defesa na Lava Jato. A informação foi divulgada pelo jornal "O Globo" na
quarta-feira (17).
A entrega do dinheiro foi feita a Frederico Pacheco de Medeiros, primo
de Aécio, que foi diretor da Companhia Energética de Minas Gerais
(Cemig), nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a
presidente em 2014.
Em nota, a assessoria de imprensa de Aécio Neves afirmou que o senador
"está absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos".
"No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era
estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O
senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar
todos os esclarecimentos necessários", diz o texto.
Em vídeo públicado em sua página no Facebook, Zeze Perrella afirmou que "nunca" recebeu "um real sequer" da JBS.
"Eu quero dizer para os que me conhecem e para os que não me conhecem
que eu nunca falei com o dono da Friboi. Não conheço ninguém ligado a
esse grupo. Nunca recebi de maneira oficial ou extra-oficial um real
sequer dessa referida empresa", diz o senador no vídeo.
Ainda segundo a delação de Joesley, também foi feita uma gravação onde o
presidente Michel Temer dá aval para comprar o silêncio do deputado
cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
depois que ele foi preso na operação Lava Jato.
Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência
disse que o presidente Michel Temer "jamais solicitou pagamentos para
obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou nem
autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou
colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar".