O vice-presidente administrativo, Luiz Cláudio Ribeiro, abriu a
entrevista coletiva no barracão da escola, na Cidade do Samba, lendo uma
nota na qual atribui a perda do campeonato a um erro "administrativo e
de comunicação interna" da Liesa.
"Após enviarmos as alterações, a Liesa optou por imprimir um novo livro
abre alas, em vez de fazer as erratas que eram grampeadas aos livros
velhos. O jurado optou por não usar a nova versão do livro, alegando já
ter feito anotações na primeira versão. Faltou uma orientação mais firme
para que ele adotasse o livro atualizado".
Marcos Marino, diretor de carnaval, citou o artigo 27 do regulamento,
que fixava 10 de janeiro como prazo máximo para envio das informações
sobre enredo à Liesa. A partir daí, há um prazo para possíveis
correções, até dois dias antes do desfile.
"Em 2 de fevereiro, a Mocidade informou sobre mudanças, inclusive a
extinção do cargo de destaque de chão. A Mocidade cumpriu o regulamento e
não pode ser prejudicado pela perda desse título", afirmou Marino,
ressaltando que o segundo dia do curso para os julgadores ocorreu em 7
de fevereiro, cinco dias após a entrega das erratas sobre o enredo à
Liesa.
Valeria stelete, advogada da escola, explicou que a Mocidade entrou com
recurso administrativo na Liesa pedindo divisão do título e da
premiação. A escola recorrerá até a plenária da entidade, se o recurso
for rejeitado, mas descarta apelar à Justiça comum - o que é proibido
pelo estatuto da Liga.
A advogada informou também que o regulamento proíbe a divulgação de
documentos considerados sigilosos, que é o caso dos emails que relatam
as correções feitas no livro abre-alas.
Valeria, Marcos e Luiz Cláudio fizeram questão de ressaltar que o
recurso não é contra a Portela, que não tem culpa de nada do que
aconteceu, por isso a orientação da direção da escola para que o título
seja dividido.
Por um décimo, a Mocidade deixou de levantar a taça de campeã do
Carnaval 2017, no Rio, que ficou nas mãos da Portela. E o décimo em
questão se deu por equívoco do julgador Valmir Aleixo, que avaliou o
quesito enredo: ele se baseou na versão antiga do livro Abre-alas e
tirou ponto da Mocidade, alegando que ela não apresentou um destaque de
chão que, na versão atualizada não iria mais se apresentar.
Na segunda-feira (20), após a divulgação das justificativas das notas
dos jurados, a escola de Padre Miguel lamentou o equívoco e disse que
vai cobrar uma melhor preparação técnica dos julgadores. Apesar do
descontentamento com a justificativa da nota, cumprimenta a Portela pelo
“belíssimo desfile e o merecido título conquistado”.
“O que questionamos nesta nota é o despreparo apresentado pelo julgador
em questão para cumprir tão importante função. É inadmissível que o
sonho de uma comunidade seja jogado fora por um erro tão crasso. Criar
algo que em nenhum momento esteve no livro Abre-alas’ e em cima disso
nos penalizar, soa estranho e sem explicação. A Mocidade se posiciona em
busca de mais preparação técnica e responsabilidade para todos os
julgadores. Cobraremos isso! Meses de investimento, trabalho pesado, e a
dedicação de milhares de componentes não podem ser prejudicados desta
maneira”, dizia a nota que conclama a comunidade a continuar acreditando
na escola para buscar o campeonato em 2018.
Também em nota, a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa)
explicou que em 11 de janeiro a Mocidade enviou uma versão do livro
Abre-alas na qual cita a presença da destaque Camila Silva, descrevendo
sua fantasia como “O esplendor dos sete mares”, para os julgadores
estudarem as escolas. A Liesa diz ainda que em 31 de janeiro, data da
realização do curso de julgadores para o quesito enredo, os julgadores
receberam uma versão impressa em preto e branco, bem como a digital
colorida, para poder nortear e iniciar seu trabalho de pesquisa visando o
julgamento a ser realizado por ocasião dos desfiles, conforme vem
ocorrendo todos os anos.
Mas, de acordo com a Liesa, só após a distribuição da segunda versão do
Abre-alas, a Mocidade alterou o roteiro enviado inicialmente,
informando que Camila Silva seria rainha de bateria, com o figurino
“Dona das Areias, Iemanjá”.
A Liesa diz que pode ter havido uma falha de comunicação, na qual o
julgador tenha considerado informações do livro inicial e não do
impresso entregue aos jurados no dia do desfile.