Ao
longo da costa do Caribe, na América Central e até no sul da Flórida ,
uma árvore bonita, geralmente com frutas amarelas que lembram maçãs, de
aparência inofensiva, é na verdade uma das árvores mais perigosas do
mundo e a mais mortal na América. Conhecida como “pequena maçã da
morte”, não apenas a ingestão da fruta dessa árvore pode ser letal, como
até o toque em folhas ou no tronco pode causar intoxicação, segundo
alertam os pesquisadores Michael G. Andreu e Melissa H. Friedman, da
Universidade da Flórida, em um guia de alerta sobre a espécie.
De
acordo com o naturalista e botânico Roger Hammer, autor de diversos
livros sobre a flora na Flórida, existem casos de marinheiros que
ingeriram a “maçã da morte” e tiveram inflamações e feridas na boca,
assim como problemas severos no estômago e aparelho digestivo. A seiva
da árvore, branca e leitosa, pode até causar cegueira temporária se
entrar em contato com os olhos. Os nativos do Caribe utilizavam a
substância em pontas de flechas para ataques. Acredita-se que essa foi a
“arma” que matou o explorador espanhol Juan Ponce de Leon em sua
segunda visita à Flórida, em 1521.
A
mancenilheira provoca dermatites e feridas na pele, sua fumaça pode
danificar a córnea e a seiva danifica até pintura de automóveis. Embora
não haja casos de morte registrados recentemente, a ingestão da fruta
pode ser fatal. Entre os sintomas conhecidos, estão hemorragia
estomacal, infecção e comprometimento das vias aéreas. A pesar do alto
nível de toxicidade, a ávore é fonte de madeira para carpinteiros há
séculos. O tronco precisa ser cortado e deixado sob o sol para que a
seiva seque. Uma goma feita da casca pode ser empregada para tratamento
de edema e os frutos secos são usados como diuréticos.
Cientistas
desconhecem a substância exata que torna a seiva dessa árvore tão
venenosa.O efeito se aplica para a maioria dos mamíferos, o que torna a
disseminação da espécie mais complicada. As iguanas demonstraram certa
resitência ao veneno e são responsáveis por espalhar parte das sementes
da mancenilheira, porém, segundo Hammer, o animal não é nativo do sul da
Flórida e os poucos que vivem na região foram introduzidos pelo homem.
De acordo com o botânico, a árvore conta mais com a água do mar para o
processo de gerar novas plantas.
A
mancenilheira é da família Euphorbiaceae, que inclui 4.100 espécies de
plantas, todas com seiva tóxica, algumas usadas com propósito laxativo. A
árvore chega a 15 metros de altura e costuma estar presente próximo ao
mar. Na Flórida, a espécie está ameaçada e pode ser encontrada apenas em
alguns parques, como o Parque Nacional de Everglades, e em ilhas como
Elliot Key e Key Largo. As mancenilheiras são cercadas por avisos de
perigo.