Um homem suspeito de cometer, pelo menos, cinco estupros foi preso,
ontem (8), no bairro Meireles, em cumprimento a um mandado expedido pela
12º Vara Criminal de Fortaleza. Paulo Monteiro Amorim, 53, é corretor
de seguros e líder de uma comunidade católica, que realiza reuniões na
Paróquia de São Vicente de Paulo, no bairro Dionísio Torres. Todas as
vítimas fariam parte do grupo.
Segundo o delegado Dionísio Amaral, titular do 2ºDP (Aldeota), as
investigações foram iniciadas semana passada, após três jovens, que
supostamente seriam vítimas do suspeito, procurarem a Delegacia no
intuito de realizarem denúncias.
De acordo com o delegado, as informações apuradas nos depoimentos
apontam que Paulo cometeria os atos há cerca de sete anos. Apesar do
número inicial, há indícios que pode haver até dez vítimas molestadas
pelo suspeito, todas mulheres e participantes da comunidade.
Costume
Segundo os depoimentos, havia um costume das jovens dormirem na
residência de Paulo Amorim, pois o local seria um "refúgio" para elas,
quando estavam em dificuldades nas relações familiares. As testemunhas
disseram à Polícia que era permitido que dormissem com "roupas mais à
vontade, como pijamas, para adotarem o local como uma espécie de segundo
lar".
"Nessa situação, o casal tinha uma autoridade muito forte sobre as
jovens, tanto na função de aconselhamento espiritual, quanto na
liderança, no sentido de darem conselhos a elas em decisões importantes
das próprias vidas", afirma o delegado.
De acordo com a Polícia Civil, as vítimas apelidavam Paulo Amorim e sua
esposa de 'papi' e 'mami'. Segundo as investigações, a principal
estratégia do suspeito, seria acordar as vítimas durante a madrugada,
alegando que elas estavam com crises intensas de tosse.
Depois disso, Paulo ministrava remédios para as jovens, afirmando que
seriam para aliviar o problema. Contudo, os remédios serviam para
anestesiá-las ou dopá-las. Posteriormente, Paulo se aproveitaria da
condição delas para tocá-las nas partes íntimas. Em depoimentos
prestados à Polícia, uma das jovens afirmou que foi molestada mais de
uma vez pelo líder religioso e outras duas afirmaram que, à época do
crime, tinham apenas 12 anos de idade.
Conforme o delegado Dionísio Amaral, Paulo Amorim será responsabilizado
pelos crimes de estupro de vulnerável. Conforme o delegado, não há
indícios que a esposa do suspeito tenha participado de algum dos
supostos crimes.
O titular do 2º DP disse que o suspeito tinha alta influência no meio
em que circulava. "Observamos que o suspeito tinha uma imagem muito
forte, como uma pessoa de muita credibilidade perante toda a Igreja. Há
jovens que ficaram constrangidas e dizem que só aceitaram a realidade
depois que passaram a conversar entre si e perceberem a situação
escandalosa", afirma.
Procurados pela reportagem os advogados Leandro Vasques e Rodrigo
Ferreira Gomes informaram que só se pronunciarão após a obtenção de
cópias integrais dos autos do inquérito, mas adiantam que o investigado
refuta as acusações e irá provar sua inocência oportunamente.
(Colaborou Fabrício Paiva)