A escola de samba X-9 Paulistana, tradicional da zona norte da
capital paulista, foi a campeã do Grupo de Acesso do carnaval de São
Paulo este ano. Com enredo Vim, Vi, Venci – A Saga Artística de um
Semideus, homenageando o artista Inos Corradin, a agremiação retorna ao
Grupo Especial do carnaval paulistano no próximo ano.
A apuração
começou por volta das 18h30 no Sambódromo do Anhembi, zona norte da
cidade. Às 19h, começou a chover e, após 20 minutos, a chuva forte
interrompeu por alguns minutos a contagem dos pontos.
Os
representantes das diretorias das escolas, que estavam em cadeiras de
plástico e sob guarda-chuvas na pista do sambódromo, acompanhando a
leitura das notas, foram obrigados a se deslocar para uma parte coberta
por causa da chuva e do vento.
Às 19h35, as notas voltaram a ser
cantadas pelo mestre de cerimônia. Poucos minutos depois, uma falha
técnica no computador interrompeu novamente a apuração, retornando às
19h50. Por volta das 20h10, a X-9 pode comemorar a vitória.
Em
segundo lugar, ficou a escola Independente, original do bairro da
República, centro da cidade. As duas escolas sobem para o Grupo Especial
no desfile do ano que vem.
Superação
Após 20 anos de desfile no Grupo Especial, a X-9 sofreu a queda para o Acesso no ano passado, quando recebeu notas baixas e ficou em 14º lugar. Para o presidente da agremiação, André dos Santos Filho, a vitória de hoje representa “a superação do que nós passamos no passado”.
“Nós
repensamos, reavaliamos e nós voltamos com a parte técnica, com a parte
plástica, para o lugar de onde nós nunca devíamos ter saído [o Grupo
Especial]. O gosto do título é maravilhoso, porque quando você cai é uma
sensação da morte, da perda de um ente querido, e agora a sensação é do
nascimento de um filho”, comemorou.
“Esse ano nós trabalhamos
muito a união, muito o coletivo da escola e hoje está o resultado aí.
Foi muito doloroso, muito difícil [cair para o Grupo de Acesso], mas
quero parabenizar a todos que fizeram esse carnaval [de 2017]”, disse. O
presidente dedicou o título a toda a comunidade, à diretoria e a todos
os amantes do samba.
Segundo ele, a passagem pelo Grupo de Acesso
deixou uma lição para a escola. “O carnaval é difícil e nós temos que
estar atentos aos nove quesitos. O carnaval lida com a emoção e
infelizmente nós lidamos com a vaidade, com o ego, e isso é uma coisa
que nós temos que trabalhar bastante, a vaidade e o ego das pessoas,
porque a hora que nós tivermos isso bem equilibrado, nós vamos fazer
grandes carnavais”.
Para as escolas que ficaram em último lugar no
Grupo Especial e desfilarão pelo Grupo de Acesso no ano que vem – Águia
de Ouro e Nenê de Vila Matilde –, André deixou um recado: “a gente tem
que ter paciência e tem que ter serenidade agora nesse momento difícil,
porque os vencedores também se fazem no momento difícil. Eu saí daqui no
ano passado arrasado e hoje estou muito feliz aqui. Então é ter a
cabeça no lugar, repensar, reavaliar, ver onde errou e voltar forte para
o ano que vem, esse é o recado que eu dou e desejo toda a sorte”.
Agência Brasil