Ex-integrante de uma quadrilha que aterrorizava a Região Metropolitana
de Fortaleza (RMF) e era conhecida por matar policiais na década
passada, Zaqueu Rodrigues de Souza, o 'Kel', 28 anos de idade, voltou ao
xadrez, na última quinta-feira (9), após ser chamado para uma audiência
no Fórum de Maracanaú por uma tentativa de latrocínio e o juiz titular
da 3ª Vara Criminal, Cesar Morel Alcântara, decretar a prisão preventiva
do acusado.
Segundo informações da Delegacia Metropolitana de Maracanaú (DMM), da
Polícia Civil do Ceará (PCCE), 'Kel' se rebelou com a decisão, desacatou
e ameaçou de morte policiais civis e militares que se encontravam na 3ª
Vara. Após ser contido, o suspeito foi levado pelos policiais até o
xadrez do Fórum, onde o preso, ainda insatisfeito, forçou a grade até
danificá-la.
Diante do descontrole do criminoso, o juiz e os policiais decidiram dar
nova voz de prisão ao homem pelos crimes de desacato à autoridade,
ameaça de morte e dano ao patrimônio público e o levaram até a Delegacia
de Maracanaú, para ser instaurado o novo inquérito. A reportagem entrou
em contato com a 3ª Vara Criminal do Fórum de Maracanaú para comentar o
caso, mas o secretário não quis falar.
'Kel'passou pouco tempo na unidade da Região Metropolitana e foi
transferido, por medida de segurança, para o Complexo de Delegacias
Especializadas da Polícia Civil (Code), localizado no bairro Aeroporto,
em Fortaleza. Conforme uma fonte da Polícia Civil, ele deve ser
transferido para uma unidade prisional.
A ocorrência que levou o criminoso de volta à prisão aconteceu em 2007.
No entanto, somente em janeiro deste ano, após o Ministério Público do
Ceará (MPCE) anexar um Boletim de Ocorrência (B.O.) de uma ameaça de
morte de 'Kel' ao próprio irmão à denúncia da tentativa de latrocínio
ocorrida há dez anos, a Justiça reconheceu a "periculosidade" do acusado
e decidiu pela sua prisão preventiva "para fins de garantir a ordem
pública", justificou o magistrado no Termo de Audiência.
Zaqueu Rodrigues de Souza, o 'Kel', possui extensa ficha criminal,
acumulando passagens pela Polícia quatro vezes por tentativa de
latrocínio ou latrocínio consumado (roubo seguido de morte), homicídio,
extorsão mediante sequestro, duas vezes por resistência à abordagem
policial, ameaça, três vezes por roubo, duas vezes por associação
criminosa, desobediência, desacato e porte ilegal de arma de fogo. Mesmo
com todos esses processos estava solto há dois meses, de acordo com
informações repassadas pela Delegacia Metropolitana de Maracanaú.
O jornal apurou que existe a suspeita da Polícia de que 'Kel' tenha
participado do assassinato de três policiais militares, no dia 30 de
junho de 2016, no município de Quixadá, apesar de não ter sido indiciado
no inquérito, concluído em janeiro deste ano.
O sargento Francisco Guanabara Filho, o cabo Antônio Joel de Oliveira
Pinto e o soldado Antônio Lopes Miranda Filho se deslocaram para atender
a uma ocorrência na zona rural do município, quando foram surpreendidos
e baleados por uma quadrilha fortemente armado e não resistiram aos
ferimentos. Conduzida pela Delegacia Regional de Quixadá, a investigação
durou seis meses e indiciou 12 pessoas por participação direta no
triplo homicídio ou apenas por associação criminosa, ao colaborar com os
assassinos.
Mel e Kel
'Kel' era comparsa do criminoso Ednaldo Evangelista da Cunha, o 'Mel',
conhecido por reagir às abordagens policiais com truculência, matando
três policiais militares e um civil apenas entre 2005 e 2007, e por
dizer que nunca seria preso. Ao reagir à Polícia em mais uma ocorrência,
'Mel' foi baleado e morto, no dia 28 de março de 2007.
'Mel' e 'Kel' foram acusados de cometer uma série de crimes na RMF,
principalmente em Maracanaú, e em outros municípios cearenses como
Canindé e Itapiúna, na década passada. Após a morte do comparsa, Zaqueu
chegou a afirmar que tinha se tornado religioso e disse que estava à
procura de emprego, conforme publicação do jornal de 31 de outubro de
2012, mas voltou a ser suspeito de praticar vários crimes e a ser preso.