O deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ) foi o entrevistado desta
quarta-feira (08/02) no programa CB.Poder. Durante a conversa,
transmitida ao vivo pela TV Brasília e pelo Facebook do Correio Braziliense,
o parlamentar falou sobre o processo de cassação de seu mandato, que
tramita no Conselho de Ética da Câmara. Wyllys foi acusado de quebra de
decoro parlamentar por ter cuspido no deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ),
na sessão de votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, na
Câmara. Nos últimos dias, o parlamentar do PSol tem recebido dezenas de
manifestações de defesa de seu mandato. Ele obteve apoio público dos
ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff, e do
ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia, pai do presidente da Câmara
dos Deputados, Rodrigo Maia.
Jean Wyllys está otimista quanto ao desfecho do caso. “O conselho vai
mudar, os membros vão ser substituídos e o presidente, também. Essa
mudança é decisiva. Acredito que talvez o novo conselho pense melhor e o
novo relator esteja mais lúcido ao propor a resposta ao processo movido
contra mim”, explicou o deputado. “A manutenção do meu mandato é a
manutenção da democracia”, acrescentou. “O processo foi movido a partir
de uma fraude, de um vídeo fraudulento”, argumentou Jean Wyllys. Ele
alega que as imagens foram editadas de forma fraudulenta, para provar
uma suposta premeditação.
Durante a conversa, o deputado do Rio de Janeiro também criticou o
governo de Michel Temer, “um presidente ilegítimo, citado 43 vezes em
delações da Lava Jato”. “Quando as forças políticas que queriam dar o
golpe decidiram fazer isso, insuflaram o clima de ódio. ‘Comunista’
virou um xingamento, usar vermelho virou motivo para ser agredido nas
ruas”, justificou. “O PT se envolveu em corrupção, o que não quer dizer
que a corrupção foi inventada pelo PT”.
Wyllys não descarta o Executivo
O deputado do PSol não descarta uma candidatura a um cargo no
Executivo, mas assume que seria uma disputa complicada, por conta de
suas bandeiras. “Posso me candidatar, mas não abriria mão da defesa
desses assuntos. Sou homossexual assumido, defendo legalização do
aborto, o direito sexual reprodutivo das mulheres, todos são temas
espinhosos. Se eu fosse candidato a prefeito, a governador ou
presidente, eu não iria mentir para conseguir votos”, diz.
Jean Wyllys comentou ainda o polêmico episódio em que a deputada distrital Sandra Faraj (SD) pediu “providências legais”,
depois que um professor da rede pública do Distrito Federal abordou o
tema homofobia em sala de aula. “Tacanha, limitada, burra”, classificou o
parlamentar do PSol. “Ao agir assim, ela estimula parte do eleitorado
dela a seguir da mesma maneira. Não promove o crescimento intelectual,
espiritual, moral e ético dos eleitores dela. Ela só reforça
preconceitos”.
Ele também criticou o governador Rodrigo Rollemberg por não regulamentar uma lei aprovada em 2000
e que prevê punições para episódios de homofobia. O texto é de autoria
do próprio Rollemberg, apresentado quando ele era distrital. “É
lamentável que governos como os de Rollemberg e do Rui Costa, na Bahia,
que são governos progressistas, cedam às forças políticas que compõem
essas gestões e que são contrárias aos direitos da comunidade LGBT”,
explicou. “É vergonhoso que o Rollemberg seja refém de forças como essas
e não regulamente essa lei. A população LGBT contribui com esse país,
com impostos, temos que ter direitos estendidos a nós. Quando um governo
age dessa maneira, ele sinaliza para a sociedade que os cidadãos LGBT
são de segunda categoria, e isso é inadmissível”, finalizou.
Confira a íntegra da entrevista>