A banda BaianaSystem causou polêmica após o cantor Russo Passapusso
puxar um "Fora, Temer" no carnaval de Salvador. Em cima do "navio
pirata", como é chamado o trio do grupo, o cantor levantou um coro de
milhares de pessoas que acompanhavam o desfile da banda no projeto
Furdunço, no circuito Osmar (Campo Grande), na sexta-feira (24).
"Machistas, golpistas, não passarão. Golpistas, machistas, não
passarão. Fascistas, machistas, não passarão. Agora assim: fora...",
disse o cantor Russo Passapusso. Os milhares de foliões que acompanhavam
o grupo completaram e repetiram algumas vezes: "Fora, Temer".
O caso repercutiu na cena baiana e chegou até o Conselho Municipal do
Carnaval (Comcar), entidade que participa da organização e fiscaliza a
festa.
Em entrevista o presidente do Comcar, Pedro
Costa, disse que todos os artistas que participam do carnaval de
Salvadorprecisam seguir regras. Dentre elas, estão orientações de não
fazer manifestações políticas, apologia às drogas ou à violência.
"O carnaval é uma festa que tem regras. Já pensou se uma festa desse
tamanho não tivesse regras? É uma festa que envolve praticamente toda
população de Salvador. Uma das regras é não praticar racismo, homofobia e
que não utilize ações políticas. Comentário pode, mas fazer apologia é
algo que fere o código de ética. Como é que uma festa que simboliza a
alegria, diversão se usa disso. Os artistas são proibidos de fazer
isso", disse.
Costa afirmou que pode ter havido uma falha na comunicação com a
BaianaSystem nesse sentido e que uma notificação que chegou ao Conselho,
em relação à manifestação ocorrida no Furdunço, será analisada após o
carnaval, mas não deve haver punição à banda.
"A comissão vai dar o direito deles [banda] se defenderem. Tenho
certeza que eles [BaianaSystem] não têm interesse em prejudicar o
carnaval. É um grupo muito interessante para o carnaval de Salvador. Nós
temos maior admiração", afirmou.
Pedro disse que o Comcar vai buscar esclarecer as regras para que, caso outros artistas também não tenham conhecimento, fiquem sabendo.
Pedro disse que o Comcar vai buscar esclarecer as regras para que, caso outros artistas também não tenham conhecimento, fiquem sabendo.
Segundo ele, as regras não são expostas em contrato, mas são divulgadas
em reuniões feitas com representantes dos artistas que participam do
carnaval. Isaac Edington, presidente da Empresa Salvador Turismo
(Saltur), que organiza o carnaval de Salvador, disse, em entrevista ao G1,
que a manifestação da BaianaSystem não interfere na contratação do
grupo para o próximo carnaval. Edington afirmou ainda que esteve com
integrantes do grupo antes deles comandarem os foliões "pipoca", na
noite de segunda-feia (27), na Barra-Ondina.
"Não tem nenhum problema [a manifestação]. Nós não temos nenhum tipo de
problema com a BaianaSystem. Não temos nenhum tipo de censura. Vivemos
em um regime democrático. É uma banda que tem feito muito sucesso. As
pessoas fazem questão da participação deles. Queremos ter a BaianaSystem
no carnaval 2018", disse o presidente da Saltur.
O grupo, que faz um som alternativo e mistura uma batida eletrônica com
percussão, costuma atrair milhares de foliões na "pipoca" (trio sem
cordas) do carnaval de Salvador. Esse ano, a BaianaSystem foi contratada
pela Prefeitura de Salvador para tocar cinco vezes durante as festas
carnavalescas na cidade.
O grupo animou os foliões no pré-carnaval Furdunço, no dia 19 de
fevereiro, comandou a "pipoca" no mesmo projeto, mas no Campo Grande, já
dentro da programação oficial da festa, na sexta-feira (24), no pôr do
sol da Praça Castro Alves, no domingo (26), na segunda-feira (27) em um
trio sem cordas, no circuito Barra-Ondina, e vai se apresentar para os
foliões no palco montado no Farol da Barra, nesta terça-feira (28), a
partir da meia-noite.