O governador do Estado do Ceará, Camilo Santana, considerou "infeliz" a
declaração do delegado-geral da Polícia Civil, Andrade Júnior, chamando
alguns policiais civis de "pilantras". O áudio com a fala repercutiu
nas redes sociais, no início da semana, e causou mal-estar entre agentes
da categoria. A declaração do governador foi dada, nesta sexta-feira,
em coletiva de imprensa realizada na sede da Secretaria da Segurança
Pública e Defesa Social (SSPDS),
"Lamento. Foi um momento infeliz do delegado geral, que inclusive pediu
desculpas depois pela palavra utilizada e que tem procurado manter a
ordem e o trabalho em relação a esse caso da Polícia Civil", declarou
Camilo nesta sexta-feira.
Em resposta, também na coletiva, Andrade Júnior pediu "desculpas à
categoria da Polícia Civil", mas reiterou as críticas ao movimento
grevista. "O contexto de quem escuta o áudio vê que ele não é
direcionado aos policiais civis como um todo, mas a um grupo que vem
puxando a greve", defendeu-se.
A declaração polêmica ocorreu em reunião com 160 novos escrivães
contratados, na última terça (1º). "Como disse aos senhores, tenho 45
anos de idade e 29 de serviço público. Comecei a trabalhar bem cedo e
nunca cometi uma ilegalidade dentro da função. E desafio qualquer um
desses pilantras que estão aí". Quanto às ameaças de demissões, Andrade
Júnior alegou, ser necessário esperar o parecer da comissão especial da
Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e
Sistema Penitenciário do Estado do Ceará (CGD), que analisa possíveis
transgressões disciplinares de policiais civis.
Ilegal
Durante a entrevista coletiva, Camilo Santana também se posicionou
contrário à greve da Polícia Civil, relembrando que o movimento foi
decretado ilegal pela Justiça em duas ocasiões, inclusive sujeitando o
Sindicato dos Policiais Civis do Ceará (Sinpol-CE) a multas diárias de
R$1,5 mil para cada agente paralisado e R$5 mil para cada dirigente da
representação.
"É um desrespeito à Justiça e um desrespeito à população. Eles são uma
minoria, mas os serviços continuam sendo prestados. Nossa posição é
cumprir o que a Lei determina. As pessoas não podem passar por cima ou
estarem acima da Lei", disse.
Camilo salientou que nenhum outro Estado do Brasil tem previsão para
admitir novos servidores da Polícia Civil, embora sua gestão tenha
contratado mais 254 inspetores e esteja contratando mais de 100 novos
escrivães. Além disso, afirmou ter autorizado, neste ano, o reajuste
médio de 22,5% no salário da categoria, "num momento de tantas
dificuldades".
(Nícolas Paulino, colaborador)