sábado, 26 de novembro de 2016

Eleições 2018: Ciro escanteia Lula e Alckmin busca Perillo

Ainda que o golpe de Estado, em curso no país, sinalize para uma possível eleição indireta para a Presidência da República, no início do ano que vem, os candidatos às eleições de 2018 mantêm-se em movimento. Na noite passada, durante palestra a alunos da Universidade de Brasília (UNB), o presidenciável pelo PDT, o ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou que uma possível candidatura do ex-presidente para as eleições de 2018 seria um “desserviço” para o país.
Ciro Gomes
Ciro Gomes é pré-candidato à Presidência da República no PDT

— Lula é muito forte, muito popular. Mas acho que ele prestará um desserviço ao país e a ele próprio. Na melhor hipótese, ele ganha. Porém, ganharia confrontando de uma forma odienta essa radicalização que se instalou no Brasil a ponto de firmar um golpe de estado em que tem ele como eixo — disse Ciro.

Segundo o possível candidato, Lula deve abrir espaço para um “projeto novo”.

— Ele deve por a sua liderança e o peso de sua história para dar passagem a um projeto novo, que experimente outros dizeres, outras relações, outra psicologia coletiva e não ficar se defendendo em um gueto moralista da delegacia de polícia que se transformou a política brasileira — deseja.

Sobre o presidente Michel Temer, Ciro Gomes o classificou como um “apavorado” por conta das relações internas que construiu.

— Ele é um apavorado. E não é para menos. Ele é um traidor que está aí porque usurpou o poder. Eu conheço de longa data todo o entorno dele. Eliseu Padilha, Moreira Franco, Geddel, Jucá, Eunício, Eduardo Cunha, são todos da mesma laia — acusa.

Ninho tucano

Se Lula é um empecilho para Ciro, torna-se um pesadelo para os tucanos. No final de seu quarto mandado como governador de Goiás, o governador Marconi Perillo tenta alçar um plano maior. Diante da briga no ninho tucano entre os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), Perillo quer voar para longe. Enquanto Ciro falava na UNB, Marconi e o governador Geraldo Alckmin acertaram, no trajeto entre o Palácio do Planalto e o Aeroporto da capital federal, uma espécie de pacto para 2018.

Ambos defendem as prévias no PSDB para escolha do nome do partido para a próxima corrida à Presidência da República. Os planos de Alckmin e Perillo preveem uma união para isolar os concorrentes. A conversa entre os governadores de São Paulo e Goiás aconteceu depois da grande reunião dos governadores com o presidente Michel Temer. Perillo deu carona ao colega paulista do Planalto ao aeroporto de Brasília, num trajeto de 20 minutos, sem testemunhas no carro do goiano.

O diálogo rendeu porque Alckmin acabou convidando Marconi para viajar juntos até São Paulo. O político goiano cumpre agenda, nestas quarta e quinta-feiras, na capital paulista. Alckmin e Marconi saíram vitoriosos da eleição municipal deste ano. Em São Paulo, Geraldo Alckmin bancou o empresário João Doria. Ele venceu no primeiro turno, e conquistou o chamado cinturão petista, antes dominado pelo PT, na região do ABC. Marconi, por sua vez, viu o PSDB fazer 77 prefeitos em Goiás, sendo o partido com o maior número de prefeituras.