A Polícia Federal (PF) apreendeu R$ 6 milhões em dinheiro em espécie no
cofre de uma empresa, ligada ao deputado federal José Adail Carneiro
(PP-CE), localizada no bairro Aldeota, em Fortaleza. A apreensão
aconteceu na última sexta-feira (9).
A busca, na Locadora de Autos Ceará (Lauce), ocorreu por ordem da
ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ministra
acolheu pedido da PF e da Procuradoria da República no inquérito da
Operação Km Livre. As informações são da Agência Estado.
Outras duas empresas ligadas ao parlamentar também foram vasculhadas.
De acordo com a PF, o dinheiro estava dividido em pacotes com cédulas de
R$ 100. Computadores e documentos encontrados nos endereços também
foram levados pelos investigadores federais. Conforme as investigações, o
dinheiro seria originário de contratos com prefeituras do Interior.
Os advogados de Adail informaram que ele se desligou da empresa onde o
dinheiro foi encontrado "há pelo menos seis anos", desde que foi eleito
deputado estadual no Ceará, em 2010. Em 2014, ele foi eleito para seu
primeiro mandato na Câmara Federal.
"Desde que eleito deputado estadual ele (Adail) afastou-se da empresa",
atestou a advogada Leliana Rolim, que faz parte da defesa do
parlamentar e da locadora de veículos.
A empresa alvo da PF que abrigava a fortuna atua no ramo de locação de
veículos. Os advogados informaram que vão pedir a devolução dos R$ 6
milhões sob alegação de que são recursos "contabilmente comprovados".
Para a defesa do parlamentar "a apreensão é precipitada". A defesa
destacou que a locadora "é uma empresa da família" do parlamentar.
Segundo os advogados de Adail ele "não tem mais participação, não está
mais à frente dos negócios por impedimento legal".
Comprovado
A defesa informou que foi "surpreendida" com as buscas e reiterou que o
afastamento do deputado dos negócios "é um ponto absolutamente
comprovado, inclusive com documentos da Junta Comercial". Sobre o volume
de recursos no cofre da locadora, a defesa esclareceu. "A empresa
possui uma frota numerosa, por isso os recebimentos naturalmente são
frequentes pelo aluguel de veículos".
Leliana reiterou que a defesa vai tomar medidas judiciais para obter a
devolução do dinheiro. A defesa assinalou que os "recursos são do caixa
da empresa, tudo contabilizado, com declaração da origem".
Leliana Rolim destaca que o Código Civil "admite a moeda circulante, o livre trânsito do dinheiro em espécie".