domingo, 25 de setembro de 2016

Para candidatos, Lei prejudica campanhas

A última pesquisa Ibope divulgada pelo Diário do Nordeste, no dia 14 de setembro passado, aponta que Roberto Cláudio (PDT), Capitão Wagner (PR) e Luizianne Lins (PT) estão cada vez mais distantes dos demais candidatos, o que demonstra dificuldade para os outros prefeituráveis chegarem ao segundo turno da disputa deste ano. Para os cinco postulantes com menor pontuação na amostragem, a nova legislação eleitoral, com menor tempo em rádio e televisão e encurtamento da campanha, prejudicou as candidaturas.

Na última pesquisa divulgada pelo Ibope, Roberto Cláudio, que concorre à reeleição, aparecia com 34% das intenções de votos, seguido por Capitão Wagner, com 28% e, mais atrás, Luizianne Lins, com 18%, dez pontos a menos que o segundo colocado. Só depois destes três está Heitor Férrer (PSB), com apenas 7%, seguido de Ronaldo Martins (PRB), com 3%, enquanto que João Alfredo (PSOL) tem 1% das intenções de votos. Tin Gomes (PHS) e Francisco Gonzaga (PSTU) sequer pontuaram.

O deputado estadual Heitor Férrer, em 2012, ficou na terceira posição na disputa à Prefeitura de Fortaleza, com 20,9% do eleitorado da Capital, chegando, inclusive, a ameaçar Roberto Cláudio, que foi para o segundo turno daquele ano na segunda posição, com pouco mais de 23% dos votos do eleitorado fortalezense. Nas pesquisas do Ibope apresentadas até aqui, contudo, ele não passou dos 9% nas duas amostragens feitas.

Apesar do resultado negativo das pesquisas, Heitor Férrer afirma que toda a disputa atendeu às suas expectativas, visto que, mesmo com a redução no tempo de propaganda política, obteve uma "excelente cobertura" da imprensa local, além da participação em debates e entrevistas. Para ele, no entanto, o espaço na TV, que foi menor do que em 2012, privilegiou quem tem mais tempo de propaganda.

Disputa proporcional

A candidatura de Heitor, por outro lado, também pode contribuir com os candidatos a vereador de Fortaleza, isso se o pessebista tiver um bom desempenho na disputa. "Temos uns 40 candidatos e queremos prestigiar as siglas coligadas, que saem do processo fortalecidas", disse.

O deputado estadual, porém, reafirma críticas à realização de pesquisas eleitorais que, segundo ele, influenciam no voto do eleitor. "Infelizmente, a pesquisa ainda é constitucional e não pode ser proibida", reclamou. Apesar dos números ruins nos levantamentos com eleitores, Férrer disse ter esperança de ir para o segundo turno.

Para Ronaldo Martins, o fato de ter conseguido debater a cidade e colocado suas propostas já foi suficiente para apresentar a Fortaleza outras alternativas de governo. Quanto ao distanciamento numérico em relação aos candidatos mais bem colocados, sustenta que tem muito a ver com "um jogo" que envolve pesquisa e muito dinheiro. "Não acredito em pesquisas, e não vamos comprar a consciência das pessoas. O resultado será bem diferente", ressaltou.

João Alfredo destacou que a campanha foi favorável quando juntou toda a militância do PSOL em torno de um projeto em comum, visto que, durante o processo de escolha do nome do candidato socialista, o partido passou por um racha, culminando, inclusive, na indicação de dois nomes para a disputa.

Ele reclamou, porém, que o diminuto tempo de propaganda em rádio e televisão e a não participação nos debates políticos resultaram no desconhecimento de suas propostas por parte da população. "A legislação criou uma desigualdade do ponto de vista de candidatos de primeira e segunda categorias".

João Alfredo acredita que o partido deve eleger até dois vereadores, mantendo a mesma quantidade de eleitos em 2012. "Eu tenho dúvidas se as pesquisas estão completamente corretas, mas tenho simpatia por onde ando. Por isso questiono, porque em campanhas passadas, nas eleições, a nossa votação era maior", pontuou.

Mudança do eleitor

O candidato Tin Gomes (PHS), vice-presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, também acusou a nova legislação eleitoral pelo seu desempenho nas pesquisas, nas quais não alcançou sequer 1% das menções. Segundo ele, as mudanças foram aprovadas no Congresso Nacional de "forma maliciosa" para tirar direitos dos partidos pequenos. O humanista ainda aposta em uma mudança de ânimo do eleitor, o que pode fazer com que ele vá para o segundo turno da disputa eleitoral em Fortaleza.

Francisco Gonzaga, que também não pontuou na última amostragem do Ibope, afirmou que faz um balanço positivo do processo eleitoral vigente, pois, segundo ele, nas ruas é perceptível o apoio das pessoas. O socialista também reclamou do volume de veículos e militantes pagos que algumas das candidaturas colocam nas ruas, uma disparidade para com a simplicidade de sua campanha. "As máquinas e o poder econômico são muito grandes. Alguém explica uma coisa dessas?", questionou.