Não
faltou entrega. Não faltou luta. As meninas do Brasil correram por 60
minutos, brigaram, se jogaram no chão da quadra da Arena do Futuro. Todo
o esforço, porém, não foi suficiente para bater a atual vice-campeã do
mundo. Na primeira Olimpíada em que entrou como favorita a um inédito
pódio, a seleção feminina de handebol mostrou nervosismo, errou nos
momentos em que não podia e ficou pelo caminho.
Caiu diante da Holanda
por 32 a 23, novamente nas quartas de final, assim como em Londres, no
revés para a Noruega. Se vencesse, a equipe seria a primeira do
continente americano a ir tão longe em Jogos Olímpicos, só que o peso da
responsabilidade de atuar com tanta pressão por um resultado grandioso
pesou.
Fernanda tenta parar Estavana Polman no ataque (Foto: AP Photo/Matthias Schrader)
Além
da eliminação, a derrota marca a despedida de uma geração que mudou o
patamar da modalidade no Brasil após o histórico título mundial em 2013,
na Sérvia, mas que no Mundial seguinte, em dezembro passado, caiu nas
oitavas para a Romênia. A capitã Dara já havia anunciado a
aposentadoria. Dani Piedade, a mais experiente do grupo, é outra que se
despede. E Alê Nascimento também deixou em aberto se continua ou não.
Estreando em Olimpíada, a Holanda, que cresce na modalidade a passos
largos, espera agora o vencedor do jogo entre França e Espanha, que
duelam ainda nesta terça-feira.
Para vencer a seleção, a Holanda fez uso justamente da principal arma brasileira. Derrotadas pelo país no Mundial de 2013, as europeias aprenderam a marcar. E fizeram isso como nunca. Lá na frente, atacaram como sempre, com eficiência, e venceram o até então paredão chamado Babi. Apesar da despedida precoce e de novamente encontrar o fantasma das quartas de final em Olimpíada, as meninas do Brasil deixaram a quadra ovacionadas e aplaudidas pelo público.
o jogo
A
Holanda começou melhor a partida. Marcando bem, as europeias evitaram
os primeiros ataques do Brasil. Com quatro minutos, elas venciam por 1 a
0. As meninas empataram com Alê em jogada na ponta, mas o duelo começou
bem nervoso. Smeets e Malestein colocaram 3 a 1 para as holandesas no
minuto sete. O segundo gol brasileiro veio apenas aos nove, com Fernanda
em outra jogada na ponta. Em linda jogada na ponte aérea, Ana Paula
passou a bola para Alê, que no ar, "levitando", empatou em 3 a 3. Com 13
minutos, Ana Paula virou a partida para a seleção.
Na metade
do período, a Holanda voltou a colocar dois gols de vantagem com tentos
de Snelder e Heijden. Malestein, no contra-ataque, ampliou para 7 a 4
com 17 minutos de primeiro tempo. Lutando contra uma defesa que muito
lembrou a do Brasil, o time seguia com dificuldades. Babi pegou pênalti
de Estavana Polman, mas na sequência, Smeets colocou 8 a 5. A seleção,
porém, não desistia, e dois gols seguidos, de Fran e Deonise, trouxeram a
diferença para 8 a 7. Nos últimos minutos da primeira etapa, o Brasil
seguiu correndo atrás da Holanda e foi recompensado. Fernanda fez mais
um gol de pênalti e o time foi para o vestiário perdendo por 12 a 11.
Angela Malestein comemora gol em jogo que eliminou o Brasil da Olimpíada (Foto: Reuters)
Na
volta da segunda etapa, a Holanda parecia mais ligada. E isso se
reverteu no placar. Com quatro minutos, a seleção ainda não havia feito
gol, e as holandesas marcaram quatro vezes, colocando 15 a 11. Em sua
melhor atuação na Olimpíada, Fernanda anotou mais dois gols, chegou ao
sexto, e o Brasil colocou em 15 a 13. Além da dificuldade em quadra, a
arbitragem irritava as meninas. Duda levou suspensão de dois minutos, o
técnico Morten reclamou e levou cartão amarelo. A ansiedade chegou em
quadra e o Brasil errava passes bobos. Na metade do período, perdia por
20 a 15.
Com
18 minutos, Alexandra converteu pênalti e diminuiu a vantagem das
europeias para 22 a 17. A defesa brasileira, contudo, não funcionava.
Depois de tomar um gol, Fran foi rápida e de longe empolgou o público,
mantendo a diferença em cinco: 23 a 18. Sem conseguir uma reação rápida,
as meninas foram para os últimos oito minutos perdendo por 25 a 19.
Fran e Alê rapidamente diminuíram para 25 a 21. No contra-ataque para
trazer para a menor diferença, Fran sofreu falta, a arbitragem ignorou.
Faltando quatro minutos, Ana Paula ainda dava esperanças ao marcar e
colocar 26 a 22. Heijden e Malestein complicaram de novo com 28 a 22.
Arriscando tudo, o time errou, muitas choraram antes da derrota, e o
Brasil caiu para a Holanda por 32 a 23.