Felipe matou a mãe após surto na Zona Sul de SP, segundo polícia (Foto: Reprodução/Facebook)
O estudante Felipe Farina Garcia, suspeito de matar e esquartejar a mãe e de ferir duas vizinhas na Zona Sul de São Paulo,
perguntou aos policiais que o interrogavam após o crime se a mãe estava
bem. De acordo com a Polícia Civil, a pergunta foi feita mais de uma
vez durante o depoimento e, toda vez que era respondida, o jovem
começava a chorar.
A polícia afirmou que já ouviu todas as testemunhas do caso, com
exceção das duas vítimas que sobreviveram ao ataque mas ainda estão
internadas, e disse que não há duvidas sobre a autoria dos crimes.
Segundo o 43º Distrito Policial, em Cidade Ademar, responsável pela
investigação, tudo indica que Felipe teve um surto psicótico com
alucinações.
Umas das testemunhas ouvidas, filha de uma das vizinhas atacadas,
contou que não conseguia entender o episódio, já que convivia com Felipe
desde que nasceu. Ela se referiu ao estudante como um "irmão de
criação". O jovem alegou à polícia que se lembra apenas de alguns poucos
flashes do que aconteceu na manhã da terça-feira (23).
Felipe recobrou a consciência durante o interrogatório e relatou que
fumou maconha no dia do surto. A investigação não crê que o uso da droga
tenha alguma relação com ocorrido, já que a erva se caracteriza por
produzir comportamento justamente contrário ao que o estudante
apresentou. Ele nega que tenha feito uso de algum outro tipo de
entorpecente.
As vizinhas que ficaram feridas, Márcia Cristina Gonçalves de Oliveira e
Luiza Cristina Borges, estão internadas nos hospitais Pedreira e São
Paulo, respectivamente. De acordo com a polícia, ambas estão estáveis e
já não correm risco de morte.
O executivo de negócios Phillipe Batista, sobrinho de Márcia, disse que
a tia sofreu traumatismo cranino e diversos cortes pelo corpo, entre
eles um que rompeu um tendão do pé. "Se não tivesse com bota de couro
tinha arrancado o pé dela fora também." Segundo a Polícia Civil, Felipe
amputou um dos pés da mãe e ainda tentou, sem sucesso, cortar o outro.
Batista contou que conversou com um familiar da outra vítima, Luíza, e
foi informado por ele de que a mulher ficou cega de um dos olhos e pode
ficar com sequelas por conta dos ferimentos. Ela precisou passar por uma
cirurgia de emergência devido a uma lesão na cabeça.
Crime
O estudante Felipe Farina Garcia, de 25 anos, foi preso suspeito de matar a facadas a mãe, Suely Guerra Farina, de 59, e ferir duas vizinhas no condomínio em que morava na Vila Inglesa, Zona Sul de São Paulo, na terça.
Segundo o relato de testemunhas à Polícia Civil, o jovem andava
paranoico com questões religiosas e se dizia Jesus Cristo. No
apartamento dele, policiais militares encontraram um pequeno cultivo de
maconha.
O crime aconteceu por volta das 9h, na Rua Vicente Pereira de Assunção,
uma travessa da Avenida Yervant Kissajikian. De acordo com os
depoimentos dos vizinhos colhidos pela polícia, Suely e o filho viviam
sozinhos e tinham um histórico recente de brigas, desde que o estudante
passou a demostrar um fanatismo religioso.
Nesta terça, após uma discussão que começou a partir de questões
espirituais, Felipe atacou a mãe com uma faca. Suely ainda conseguiu
sair do apartamento e, aos gritos, correu em direção às escadas, mas o
filho, que dizia que ela estava possuída, a alcançou dois andares
abaixo.
Vizinhas
Três vizinhas ouviram o desespero de Suely e saíram de suas casas para ajudá-la. Em vão, segundo a polícia. O estudante esfaqueou a mãe na frente das vizinhas. Duas delas, que tentaram intervir, também foram atingidas com golpes de faca. A terceira conseguiu fugir e se trancou em um dos cômodos de seu apartamento.
Outros vizinhos ouviram a confusão e chamaram a Polícia Militar (PM).
Segundo o boletim de ocorrência registrado no 43º DP, Felipe permaneceu
nas escadas do edifício depois dos crimes e foi detido lá mesmo pelos
policiais. O jovem teria resistido à prisão e entrado em luta corporal
com os PMs.
Interrogado na delegacia, o estudante não soube explicar o motivo do
ataque. Segundo a polícia, ele alegou que não se lembrava de nada do que
acabara de acontecer. Suely não resistiu aos ferimentos e morreu ainda
no local do crime. As duas vizinhas também atingidas foram socorridas e
encaminhadas a hospitais da região.
Felipe foi autuado em flagrante por homicídio e pela tentativa dos
outros dois assassinatos. O estudante também vai responder pelo crime de
tráfico, já que a PM apreendeu vasos com pés de maconha com o
equivalente a 102 gramas da droga no quarto dele.
O estudante Marco Hasckel foi colega de classe de Felipe na
universidade e conto que ele era um rapaz inteligente e estudioso, mas
que "andava estranho ultimamente". "Perdemos um pouco o contato da
faculdade, mas de vez em quando encontrava com ele correndo pelo bairro.
Tava meio apegado com esse negócio de Igreja, achando que todo mundo
era pecador. Uns amigos dele mais próximos falaram que ele dizia ser
Jesus", afirmou.