sexta-feira, 1 de julho de 2016

Bento XVI diz que "lobby gay" tentou exercer poder

Escondido em um antigo convento nos jardins do Vaticano, o e papa emérito Bento XVI passou os últimos anos trabalhando no livro de memórias “The Last Conversations” ("As últimas conversas", em tradução livre), previsto para ser lançado no dia 9 de setembro. Nele, o ex-líder da Igreja Católica afirma não ter sofrido pressões para renunciar, mas relata que o “lobby gay” no Vaticano tentou influenciar decisões.

As informações foram divulgadas nesta sexta-feira pelo diário italiano “Corriere della Sera”, que adquiriu os direitos para publicar trechos do livro. Segundo o jornal, o papa emérito afirma ter tomado conhecimento sobre a presença de um “lobby gay” formado por quatro ou cinco pessoas que tentavam influenciar as decisões do Vaticano, mas ele teria conseguido “quebrar este grupo de poder”.

A Igreja Católica mantém sua oposição a atos homossexuais. Porém, fontes afirmam a existência da suspeita sobre a existência de muitos gays trabalhando no Vaticano, e que eles se unem para apoiar a carreira um do outro e influenciar as decisões burocráticas.

Bento XVI renunciou ao papado em 2013, no primeiro caso do tipo em seis séculos, citando questões de saúde. Entretanto, a renúncia se deu após escândalo que ficou conhecido como “Vatileaks”, no qual seu mordomo vazou cartas pessoais do pontífice e outros documentos que indicavam a existência de uma rede de corrupção no Vaticano. Na época, a imprensa italiana levantou a hipótese de o vazamento ter sido comandado por adversários que queriam pressionar pela saída de Bento XVI.

No livro, que está sendo escrito pelo biógrafo Peter Seewald, o papa emérito nega chantagem ou pressões para sua renúncia. Contudo, diz ter contado apenas a algumas pessoas próximas sobre a intenção de deixar o papado, temendo que a informação vazasse antes do anúncio surpresa, feito no dia 11 de fevereiro de 2013.

Bento XVI afirma ter tido que superar suas próprias dúvidas sobre o efeito de sua decisão no futuro do papado. Sobre a sua escolha para o cargo, em 2005, ele diz ter ficado “incrédulo” com o resultado do conclave para a eleição do sucessor de João Paulo II. Sobre a escolha de Francisco para sucedê-lo, ele diz ter ficado “surpreso”.

Agência O Globo