Valesca é popuzuda - e também eclética. Em seu show na noite deste
sábado (21) na Virada Cultural, a funkeira fez jus ao seu gênero musical
de temática sexual, digamos, afirmativa (ou imperativa). Agradou ao
mandar "Beijinho no ombro" e ao dizer como gosta que um homem se porte
na intimidade "hoje você não me escapa e vai ser meu brinquedo".
Mas ganhou de vez o público ao misturar ao repertório próprio um
punhado de covers. Já perto do fim, emendou em sequência versões muito
próprias de hits recentes e antigos.
Vieram, então, "Camarote", do Wesley Sadadão; "Metralhadora, da banda
Vingadora; "Ilariê" (que Valesca introduziu falando que "agora ninguém e
de ninguém"), sucesso de Xuxa; "Superfantástico", da Turma do Balão
Mágico; "Malandragem", famosa na voz de Cássia Eller; e "Fogo e paixão",
do Wando.
Não deixa de ser inusitado ver Valesca cantar que "eu sou poeta e não
aprendi a amar". Mas outras coisas ela aprendeu, sim. A julgar pelas
letras e pela atitude.
Valesca Popozuda se apresenta na Virada Cultural de São Paulo (Foto: Caio Kenji/G1)
Antes de encerrar, avisou que desceria do palco para fazer selfies com
os fãs que se apertavam na grade. E lá foi ela, de macaquinho muito
justo, botas pelo meio da coxa e de salto e muita maquiagem. Ficou ali
por uns três minutos. Teria sido ainda mais solícita se não tivesse
sentido perigo na situação.
De volta ao palco, onde tinha a companhia apenas de um casal de
empenhados dançarinos e dois ventiladores à lá Beyoncé para garantir os
cabelos esvoaçantes, explicou que teve de encurtar a interação porque
tinha "muita gente e muita criança na grade".
Neste momento, sem que Valesca pudesse ver, duas meninas choravam no
espaço perto do palco, enquanto bombeiros atendiam uma grávida que saiu
de cadeira de todas. Uma oficial explicou ao G1 que as
crianças eram filha e sobrinha da gestante, que acabou sendo encaminhada
para o ambulatório. Os bombeiros levaram as garotas junto.
Foi o único momento tenso de um show em que o público cantou e dançou
muito junto com Valesca e seu casal de bailarinos. O rapaz, além de
dançar incansavelmente, serviu de escada para piadas da estrela da
noite.
Valesca Popozuda se apresenta na Virada Cultural de São Paulo (Foto: Cauê Muraro/G1)
Uma delas veio logo depois de a funkeira e o jovem fazerem uma dança muito próxima e intensa, com ela de costas para ele.
"Até parece que ele gosta, né?, meninas", perguntou a cantora para os
fãs. "O que a gente engole, o que a gente chupa, ele faz dobrado. Um
desperdício..." Aplausos e risos gerais.
O tom irônico e de conotação sexual onipresente do show só foi
abandonado no desfecho. Ao ver cartazes no público, Valesca perguntou:
"Fora, Temer? Temer jamais?". Falou então que "tá tudo uma palhaçada,
né?".
"A gente lutando, desistir jamais, porque somos brasileiros. Vamos
fazer o nosso, exigir o nosso. Tudo que temos direito, sem abaixar a
cabeça pra ninguém! Eu sou dessas, eu não baixo minha cabeça, rodo minha
baiana mesmo."
Antes de sair de cena, celebrou sua "conexão com São Paulo" e
aparentemente indicou que seu sucesso por aqui a ajudou "a ser mãe e a
ser filha". Um discurso também eclético, afinal.
Valesca Popozuda se apresenta na Virada Cultural de São Paulo (Foto: Caio Kenji/G1)
Valesca Popozuda se apresenta na Virada Cultural de São Paulo (Foto: Cauê Muraro/G1)
Valesca Popozuda se apresenta na Virada Cultural de São Paulo (Foto: Caio Kenji/G1)
Valesca Popozuda se apresenta na Virada Cultural de São Paulo (Foto: Cauê Muraro/G1)
Valesca Popozuda se apresenta na Virada Cultural de São Paulo (Foto: Cauê Muraro/G1)