sábado, 14 de maio de 2016

A mudança sempre gera expectativa

 
O ceticismo, de certa forma, domina o sentimento de boa parte da nossa população em relação ao governo, recém-instalado, sob o comando do peemedebista Michel Temer, apesar de toda mudança motivar expectativa favorável, principalmente quando o substituído era tão ruim como, quanto estava a gestão comandada pela hoje afastada presidente petista Dilma Rousseff. Mas como os políticos brasileiros estão tão desgastados, o brasileiro sempre tende a duvidar das suas pretensas ou prometidas ações.
Natural a torcida dos verdadeiros cidadãos pelo sucesso do Governo nascente, pois vítimas somos todos do desgoverno que estava aniquilando os sonhos da juventude e as perspectivas dos demais, quando, por sua inércia ou mesmo inação, motivava a redução dos empregos, brecava o surgir de oportunidades de vida melhor, e privava os mais necessitados dos serviços essenciais pela falta de políticas universais eficientes de Educação, de Saúde, de Transporte e de Segurança.

Responsabilidade

Mas, só o discurso anunciando boas novas não basta para se fazer acreditar em um novo tempo, principalmente por se fazer, de primeiro, algumas restrições à equipe reunida pelo presidente em exercício e, nessa condição, ter o natural desejo de agradar o Congresso, ou especificamente ao Senado Federal, para efetivo vir a ser.

Na interinidade como está, o presidente trabalhará não só para mudar o cenário da administração pública nacional, mas, sobretudo, para agradar a classe política representada pelos senadores, pois do Senado, como dependeu a sua chegada ao posto, em razão do afastamento da titular, também será de lá a decisão, proximamente, com o encerramento do processo, garantindo ou não a sua permanência no cargo até o fim do mandato, no último dia do ano 2018.

Vários dos auxiliares de Temer já serviram a Lula, a Dilma e até antes a Fernando Henrique Cardoso. Formam, assim, o "grupo dos mesmos" a que nos reportamos no dia 17 de abril, o domingo em que a Câmara dos Deputados autorizou a abertura, pelo Senado Federal, do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

De qualquer forma, esses ex-ministros dos governos passados, por qualquer das razões que venham a ser apontadas, têm, nos setores a eles ligados, responsabilidade pelo quadro atual. E não vale responsabilizar os presidentes de então pelo não ter feito o que seria necessário para evitar o que ainda agora continua fazendo falta. Plagiando Geraldo Vandré, "quem sabe faz a hora não espera acontecer (ser mandado)".

Mereciam

Ordem e Progresso, de fato, é de que mais precisa o Brasil. Essas duas palavras gravadas no centro da nossa bandeira, citadas pelo presidente como lema do seu Governo, já mereciam ser o objetivo dos novos governos desde quando elas lá foram colocadas. Por serem, pelo menos até agora, apenas figurativas no símbolo maior da Pátria é que testemunhamos desordens sociais e desmandos administrativos, temos um povo desrespeitado, também pelos agentes públicos, nas suas mais significativas necessidades, sem se falar nos malfeitos outros responsáveis pela corrupção que esvazia os cofres do erário e enche os bolsos de muitos.

E pela ausência da Ordem, o Progresso parece ficar "deitado eternamente em berço esplêndido". O Governo Central é o principal responsável pela timidez do crescimento da economia nacional, posto ser devedor da execução de obras de infraestrutura necessárias e imprescindível ao estímulo da produção, não apenas quanto ao seu custo, pela carga excessiva de impostos sobre os próprios produtos gerados e seus insumos, além dos agregados à folha de pessoal, mais ainda pela falta de uma malha viária, ferroviária, aérea e fluvial para o escoamento da pretendida produção.

Nomes

Itamar Franco, o vice-presidente da República já falecido, efetivado na chefia do Executivo nacional com a cassação do mandato do ex-presidente Fernando Collor, primeiramente afastado do cargo como Dilma Rousseff está agora, no curso de um processo de impeachment, chamou dois cearenses para ajudá-lo a governar o País. O primeiro foi Beni Veras, na época senador da República pelo PSDB. O outro foi Ciro Gomes, também do PSDB, na época governador do Ceará. Ciro teve que renunciar ao mandato e para o seu lugar foi eleito pela Assembleia o então deputado estadual Francisco Aguiar, hoje presidente do Tribunal de Contas dos Municípios. O desembargador Adalberto Barros Leal, na época presidente do Tribunal de Justiça, ficou no lugar de Ciro até que o Legislativo elegesse Aguiar.

Beni Veras foi Ministro do Planejamento. Ciro foi Ministro da Fazenda, substituindo Rubens Ricupero, vítima de comentários politicamente incorretos, antes de uma gravação de programa de televisão, captados através de antenas parabólicas. Mas, abstraindo-se as digressões, a lembrança dos dois cearenses na composição do ministério de Itamar Franco é para chamar a atenção da necessidade de os cearenses atentarem para a qualidade de sua representação política, não apenas na esfera Federal, mas no campo estadual e principalmente dos municípios.

O senador Tasso Jereissati (PSDB) foi sondado para estar na equipe do presidente Michel Temer. Foi o único cearense abordado, até aonde as informações confiáveis foram transmitidas. Ele coordenou a equipe tucana que elaborou o documento entregue a Michel, definindo a posição do partido, e como pressuposto para o apoiamento da agremiação à nova gestão. Já no Governo Itamar Franco, Jereissati optou por indicar Beni e Ciro, dois dos seus liderados na época, para o ministério a aceitar uma das duas pastas.