Uma mudança que entra em sintonia com a modernidade. Dentre as 1.386
rádios brasileiras que pediram, ao Ministério das Comunicações, mudança
da estação AM para FM, uma rádio deste município cearense, foi a
primeira emissora a realizar a migração. A solenidade aconteceu na noite
de ontem e contou com a presença do ministro das Comunicações, André
Figueiredo.
O ministro destacou a importância da migração de frequência e ressaltou
que o “Ceará entrou para a história da radiodifusão brasileira”, com a
primeira rádio a mudar o sinal. “É, sem dúvida, um grande benefício para
a população. Nas grandes cidades, por exemplo, onde temos a
interferência das grandes construções, a frequência AM sofre
interferência, então a FM é um canal muito mais adequado e com qualidade
indubitavelmente melhor de transmissão de voz”, acrescentou.
Figueiredo lembrou, no entanto, que a migração de faixa não é
obrigatória e que as emissoras de rádio AM que decidirem migrar para FM
terão o direito de transmitir simultaneamente no canal antigo e na nova
frequência por um período de até cinco anos. Segundo o diretor da Acert,
Gilson Moreira, “o prazo inicial para que a emissora atuasse nas duas
frequências era de 60 dias, mas o ministro nos garantiu estender esse
prazo para 180 dias”.
Gilson avaliou que a migração “foi uma necessidade das rádios
brasileiras, principalmente das grandes cidades”, ao ressaltar que “não é
um encerramento da rádio AM, mas a FM vislumbra perspectivas maiores,
por ter maior qualidade e pouquíssimas interferências no sinal”. Ele
acrescentou, ainda, que nos próximos meses outras emissoras do Ceará já
poderão concluir o processo.
O proprietário da emissora, Antônio Firmino da Silva, concluiu que
“entre outros benefícios, as rádios terão maior clareza de áudio e
poderão explorar seu negócio com mais eficiência, mantendo a sociedade
informada com mais clareza e sem interferências”, afirmou
Pleito
A migração das ondas já é uma reivindicação antiga dos radiodifusores.
Embora a faixa AM apresente grande alcance, ela possui uma frequência
muito baixa, ficando sujeita à interferência causada pelos equipamentos
eletrônicos da contemporaneidade. Além disso, a antena da rádio AM não
consegue estar presente nos celulares, por ser uma antena mais robusta. ,
o que se torna grande prejuízo, já que, segundo a Associação Brasileira
de Emissoras de Rádio e Tv, (Abert), 10% da audiência do rádio vêm de
celulares e dispositivos móveis. Após ter o requerimento de mudança de
estação aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a
emissora deve pagar um valor para a nova outorga.
Após a quitação do boleto pelo radiodifusor, o Ministério emite o ato
que autoriza a migração de faixa. Na sequência, as rádios devem
apresentar uma proposta de instalação da FM e solicitar à Anatel a
permissão de uso da radiofrequência. Depois da liberação gerada pelo
órgão regulador, os veículos já podem começar a transmitir a programação
na faixa de FM. Atualmente, 1.781 emissoras estão na frequência de AM
no Brasil. Desse total, 80% pediram a mudança de faixa e 937 rádios
farão a migração neste ano. Outras 437 emissoras terão de aguardar a
liberação de espaço na faixa de FM, o que vai ocorrer com a
digitalização da TV no País.
Diário do Nordeste