O discurso do ex-presidente Lula no diretório nacional do PT após o
depoimento à Polícia Federal na última sexta-feira (4) deixou a oposição preocupada.
Nos bastidores, líderes dos principais partidos opositores comentam que
a polarização do cenário e a intensa cobertura midiática abriram espaço
para uma potencial vitimização do investigado na 24° fase da Operação Lava-Jato, denominada Aletheia.
Procurando evitar tal abordagem, as legendas entraram em consenso de
que não mais falarão publicamente sobre o assunto, focando as ações no
processo de impeachment da atual presidente, Dilma Rousseff. Em caso de
perguntas sobre o assunto, a ordem é uma só: expressar total apoio às
instituições responsáveis, mas dizer que o assunto concerne apenas aos
envolvidos (PF e investigados).
A intenção a partir desta semana é usar as supostas delações premiadas
do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo, como forma
de pressionar o encaminhamento do impeachment de Dilma.
Aécio Neves, presidente do PSDB, e Agripino Maia, presidente do DEM, já
se manifestaram em discursos alinhados, destacando que a ação contra
Lula é um assunto policial, e não político, reforçando que o objetivo
central é mesmo o processo contra a atual presidente.
Expectativas
Os atos do dia 13 de março também são aguardados com esperança pelos
principais partidos de oposição. A avaliação é que, se houver grande
adesão às manifestações, o governo Dilma se enfraquecerá
consideravelmente.
As perspectivas são especialmente promissoras para Michel Temer (PMDB-SP), atual vice-presidente da República e beneficiário direto em caso de impeachment, que deverá ser reconduzido à presidência do seu partido às vésperas dos protestos.