Mais que qualquer um dos inúmeros aumentos que o cearense já suportou
neste início de ano, o reajuste do Imposto Sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a gasolina - e mais nove produtos -
tende a pressionar o custo de vários outros itens que dependem deste
combustível para chegar às mãos do consumidor - o qual se mostra cada
vez mais preocupado.
Responsável por uma elevação nos transportes de Fortaleza em janeiro da
ordem de 0,56%, o custo do combustível mais consumido no Estado já pode
aumentar a partir de amanhã, 1º de março, quando a alíquota do ICMS
embutida na gasolina entrar em vigor.
Informação do Sindipostos, que representa os empresários do setor, é
que "o aumento vai depender de cada posto". A reportagem chegou a
percorrer, no último domingo, cerca de dez estabelecimentos entre
Dionísio Torres, Bairro de Fátima, Aerolândia, Castelão, Parangaba e
Montese, mas os frentistas informaram que donos e gerentes ainda não
prepararam os postos para a troca das tabelas.
A maioria disse saber do reajuste a partir da alta de imposto pelas
redes sociais e também pelos próprios clientes - "que chegam
perguntando" -, mas que nenhum informe oficial foi repassado pela
direção dos postos.
Pressão sobre preços
Em média, a inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) na Capital cearense contabilizou uma variação de
1,45% no primeiro mês deste ano sobre igual mês de 2015 - a quarta maior
do Brasil. Porém, essa nova alta na gasolina pode vir a influenciar uma
outra onda de reajustes de preços, tremendamente prejudicial ao bolso
do cearense neste momento.
Nacionalmente também se vê os efeitos. Conforme apontou o IBGE para o
grupo transportes, a alta de 1,77% do IPCA de janeiro foi puxada pelo
transporte público, que subiu 3,84%, e pelos combustíveis, com 2,11%.
Surpresas e lamentos
O preço médio de R$ 3,878 medido pela Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP) já assusta o pedreiro José Wilton toda
vez que ele precisa vir a Fortaleza. Pronto para voltar para o Crato,
onde ele diz ter o litro do combustível abaixo de R$ 3,80, ele abastecia
em um posto da BR-116 localizado na Capital por não ter opção, "afinal,
é ruim, mas é preciso voltar para casa".
Já o piloto de helicóptero Rildson Araújo repensa o uso de dois carros
por ele e a esposa. "Ainda não fiz essa matemática porque só uso carro
no que é necessário", pondera, lamentando o impacto que o repasse do
ICMS sobre a gasolina vai gerar no orçamento mensal dele.
O mesmo problema atormenta o comerciante Erilândio Nunes, que depende
essencialmente do carro para trabalhar. "No fim de semana, que nem rodo
muito, eu gastei R$ 90 brincando entre sábado e domingo. No dia a dia,
para ir a lugares mais distantes, o peso da gasolina vai ser ainda
maior", atesta.