Milhã. Uma iniciativa dos agentes penitenciários da
Cadeia Pública de Milhã, no Sertão Central, está chamando a atenção nas
redes sociais e recebendo elogios. Para saciar a sede de 55 detentos da
unidade penitenciária do Estado, a equipe responsável pela custódia dos
presos resolveu se mobilizar pela perfuração de um poço para atender a
população carcerária. O presídio público, inaugurado em março do ano
passado, estava sendo abastecido por carros-pipa.
Segundo o diretor da cadeia de Milhã, agente penitenciário Gérson Alves
da Costa, apesar do esforço das prefeituras de Milhã, Solonópole e
Deputado Irapuan Pinheiro, se revezando no abastecimento da cisterna e
da caixa d'água do complexo penitenciário, faltava água com frequência
e, para agravar ainda mais o problema, os presos estavam muito
inquietos. Eram raros os momentos de banho e o calor dentro das celas
estava causando desconforto.
Atualmente, além dos 55 internos, sendo apenas sete deles já condenados
pela Justiça, outros dez estão no regime semiaberto e dois no aberto.
Eles também auxiliaram nos trabalhos de perfuração do poço profundo. Na
semana passada, a vazão de mil litros por hora passou a abastecer o
prédio público penitenciário. Para bombear a água eles até improvisaram
um motor, com um compressor de refrigerador. A ideia foi de um dos
detentos, acrescentou o diretor.
"Na realidade foi um trabalho de muitas mãos. Os prefeitos prestaram o
auxílio financeiro para pagar o serviço da máquina. Otacílio Macedo, de
Milhã, foi um deles. Ele também cedeu o terreno nos fundos da cadeia
para perfuração do poço. A área pertence à família dele. Em
contrapartida, a água excedente será fornecida para o vilarejo situado
ali próximo, abastecido por carros-pipa. Como o presídio precisa de 13 a
14 mil litros, o restante pode ser fornecido para os vizinhos",
ressaltou.
Gérson Costa ainda destacou um detalhe. "Um radiestesista, de Quixadá,
Rivaldo Leite, localizado na internet, localizou o ponto certo, num
lugar onde a água é tão escassa", completou.
Atualmente, a população urbana de Milhã recebe água por meio de uma
adutora interligada ao Açude Patu, no município vizinho, Senador Pompeu.
O reservatório da cidade, o Jatobá, está no seu volume morto. Conforme
dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), está com
6,54% da sua capacidade.