segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Caminhoneiros bloqueiam rodovias pelo país e preocupam exportadores


SÃO PAULO (Reuters) - Grupos de caminhoneiros começaram greve nesta segunda-feira, interrompendo algumas rodovias do Brasil, em uma mobilização organizada por meio de redes sociais em protesto contra a presidente Dilma Rousseff e que já começa a preocupar alguns setores exportadores.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, há na manhã desta segunda-feira bloqueios em pelo menos quatro pontos de rodovias federais de Minas Gerais. No Paraná, há interrupção parcial em cinco pontos de rodovias federais.

Na BR-280, em Santa Catarina, manifestantes bloqueiam a passagem de todos os caminhões, que são desviados para o acostamento.

Segundo a polícia do Rio Grande do Sul, há manifestações em dez pontos de diferentes de estradas estaduais e federais do Estado, mas sem interrupção do tráfego.

Também há relatos na imprensa local de protestos no Espírito Santo, Rio Grande do Norte, São Paulo e Tocantins.

Ainda segundo a Polícia Rodoviária Federal, não há protestos neste momento em Mato Grosso, principal Estado produtor de grãos, que está transportando grandes volumes de milho e recebendo insumos para o plantio da nova safra de soja.

Não existe ainda uma avaliação abrangente sobre os problemas causados pelos bloqueios ao transporte de carga e ao fluxo de produtos exportados pelo Brasil.

Mesmo assim, as indústrias exportadoras de frango e suínos estão em alerta com o movimento iniciado nesta segunda-feira, temendo impacto para os embarques nos próximos dias.

No primeiro semestre, outra paralisação de motoristas gerou prejuízos de mais de 700 milhões de reais para as indústrias, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

"Agora é mais sério. Alguns mercados compradores, como Rússia e Leste Europeu, estão exigindo que tudo seja carregado até 20 de novembro ou no máximo até o fim do mês", disse à Reuters o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra, lembrando que os portos do Hemisfério Norte ficam fechados pelo gelo em meses como janeiro e fevereiro.

As associações tradicionais de representação dos caminhoneiros, como a União Nacional dos Caminhoneiros e o Movimento União Brasil Caminhoneiro, não participam do movimento.

Um dos grupos organizadores da paralisação, o Comando Nacional do Transporte, que se organiza por redes sociais, disse que deseja a renúncia da presidente Dilma, na esteira do aumento dos custos de combustíveis e energia e com a recessão econômica.

O governo federal avalia que a greve dos caminhoneiros é "pontual" e tem como único objetivo gerar desgaste político, disse nesta segunda-feira o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva.

"Se tivermos uma pauta de reivindicações, o governo sempre está aberto ao diálogo, mas é uma greve que se caracteriza com o único objetivo de gerar desgaste ao governo", disse, afirmando entender que é uma manifestação que atinge "pontualmente" algumas regiões do país.

No início de março, Dilma sancionou sem vetos a Lei dos Caminhoneiros, que alivia pagamento de pedágio, perdoa multas e promete ampliar pontos de paradas para descanso, após greve de caminhoneiros em fevereiro que bloqueou estradas pelo país.
(Reportagem adicional de Leonardo Goy, em Brasília)