Um morador de Cubatão,
na Baixada Santista, encontrou uma maneira diferente para conseguir um
emprego para ele e o irmão: ele está oferecendo R$ 1 mil para quem der
uma oportunidade de trabalho.
Edson Almeida, 27 anos, é formado em logística e, em janeiro de 2016,
recebe o diploma de pós-graduação em gestão de cadeia logística. No mês
passado, ele foi demitido da refinaria onde trabalhava, exercendo o
cargo de mecânico montador.
"Estava em uma lan house e meio desiludido com trabalho. Estou
desesperado, com contas para pagar e preciso trabalhar. Foi uma atitude
de momento. Decidi fazer o cartaz ontem (1º) mesmo e colei cerca de 27
pela cidade", comenta Edson.
Almeida colou diversos cartazes em pontos comerciais da cidade e em
frente ao Paço Municipal. No cartaz, o rapaz aceita ofertas para
"qualquer função profissional" e, para evitar constrangimentos, ele
colocou um pseudo-nome: Murilo.
Desde quinta-feira, ele recebeu diversas ligações, mas nenhuma chamou a
atenção do desempregado. "A maioria das propostas queriam o dinheiro
adiantado, mas desconfiei. Minha intenção era pagar essa quantia com o
primeiro salário, pois ainda não tenho esse dinheiro guardado. Mas se
necessário, pedirei um empréstimo ou algo do tipo", explica.
Assim como milhões de brasileiros, temos família para sustentar e contas para pagar"
Edson Almeida, 27 anos.
Crise e concorrência
O ex-montador acredita que a crise econômica tenha custado seu emprego e, desde então, a falta de oportunidades vem incomodando. "Em Cubatão, há muitas empresas. Porém, a maioria dos empregados são de fora da cidade. Isso é complicado, pois acaba tirando vagas de quem mora na cidade e, como eu, precisa de um emprego", lamenta.
Ajuda ao irmão
O irmão de Edson, Ernando Silva, de 26 anos, está desempregado desde novembro de 2014 e também exercia a função de mecânico montador no Polo Industrial de Cubatão. "Meu irmão foi quem me indicou para o meu antigo emprego. Não contei para ele que tive essa ideia de colar cartazes pedindo emprego, foi algo mais decidido na hora. Mesmo com as contas dele para pagar, ele também me ajudou em momentos difíceis e auxiliou com algumas mensalidades na faculdade. Espero ter a chance de retribuir", comenta Almeida.
Os irmãos também já realizaram o cadastro no Posto de Atendimento ao
Trabalhador (PAT) do município. "Precisamos trabalhar. Assim como
milhões de brasileiros, temos família para sustentar e contas para
pagar", desabafa.
Diversos cartazes foram colados próximo ao Paço Municipal (Foto: Edson Almeida/Arquivo Pessoal)