A Polícia investiga a execução do radialista Gleydson Carvalho,
assassinado a tiros enquanto apresentava o programa Revista Regional, na
tarde de ontem, na Rádio Liberdade FM, em Camocim, a 347Km de
Fortaleza.
Dois homens armados invadiram o local, renderam a recepcionista e o
operador de áudio, interromperam a transmissão ao vivo e efetuaram três
disparos contra o apresentador.
De acordo com as testemunhas, era por volta de 12h40 quando um dos
homens rendeu a recepcionista, anunciando um falso assalto. O outro
comparsa entrou no estúdio e mandou o operador de áudio ficar debaixo da
mesa. O homem então disparou três tiros contra Gleydson: um na cabeça e
os outros dois na região do peito.
O radialista caiu agonizando, enquanto a dupla fugiu, tomando rumo
ignorado, numa moto Broz de cor branca, segundo a Polícia. A Rua José
Pereira Félix estava com pouco movimento, já que era horário de almoço,
quando os lojistas fecham seus comércios. A vítima chegou a ser levada
ao hospital, mas morreu.
Ameaças
O delegado Herbet Ponte, à frente das investigações, começou a juntar
as peças do quebra-cabeça sobre a morte do radialista, colhendo
depoimentos de testemunhas. Ele não descarta a possibilidade de crime
por execução, já que Gleydson apresentava notícias com denúncias.
"Eles anunciaram um assalto mas nada levaram, então configura a
execução do Gleydson. Esse momento é de juntar tudo que for informação
possível para descobrirmos o que aconteceu. Os depoimentos foram
bastante precisos e detalhados, já que os dois homens não esconderam o
rosto", afirmou.
O também radialista Autran Santos, amigo de Gleydson, diz que a vítima
sofria ameaças, até mesmo ao vivo, durante apresentação de seu programa.
"Ele me falava das constantes ameaças de morte, mas dizia não ter medo.
As maiores ameaças seriam por perseguições políticas, que segundo ele,
dizia ter inimigos pelas constantes denúncias que fazia", afirmou o
radialista.
O ex-prefeito de Camocim e advogado de Gleydson, Marcos Coelho, disse
estar estarrecido com o ocorrido. "Isso é algo que nunca se imaginou na
nossa cidade. É um crime que merece a mais rigorosa apuração possível
por parte das autoridades. Camocim quer uma resposta".
A Polícia Militar local reforçou o efetivo com apoio da Secretaria de
Segurança Pública, e conta com ajuda do Comando Tático Rural (Cotar).
"Toda a região está bloqueada, e policiais civis e militares trabalham
agora na captura desses dois bandidos", disse o major Artunane Aguiar,
comandante do Policiamento Militar de Camocim.
O vice-presidente da Associação Cearense de Emissoras de Rádio e
Televisão (Acert), Edilmar Norões, lamentou o ocorrido. "Tal crime deixa
a categoria apavorada. Batemos na porta da Justiça e dos órgãos de
segurança e eles nos deram certeza da celeridade das investigações".
Edilmar Norões afirmou ainda que a instituição acompanhará de perto os
afiliados e cobrará da Polícia e dos órgãos competentes as
investigações. Segundo ele, o caso será encaminhando à Associação
Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje).
Outros casos
3 de abril de 2003
O também radialista Ronaldo Guedes Ferraz Júnior foi morto a tiros. Ele
foi assassinado no bairro Lagoa Seca, em Pacajus, na Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF)
30 de junho de 2003
Na noite de 30 de junho de 2003, o radialista Nicanor Linhares foi
assassinado com 10 tiros por dois pistoleiros em Limoeiro do Norte. Ele
estava dentro do estúdio da emissora gravando um programa, quando foi
executado
3 de Julho de 2015
O ex-vereador Aureliano Ribeiro foi assassinado a tiros em Russas, a
165 quilômetros da Capital. Ele havia concedido entrevista momentos
antes a um repórter radialista, da Rádio Progresso de Russas. O áudio da
ação foi captado e os ouvintes escutaram ao vivo os disparos