sábado, 1 de agosto de 2015

Julho tem precipitações quase 250% acima da média histórica

Pode parecer estranho, mas as chuvas registradas no mês de julho no Ceará foram muito superiores neste ano em relação a maio e junho,Julho tem precipitações quase 250% acima da média histórica historicamente, período onde tem ocorrido o maior volume de descarga pluviométrica no Estado. Os dados, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) ainda não foram fechados. Até a publicação desta edição restava ainda colher informações de alguns postos meteorológicos do Interior, mas o desvio positivo em relação à média histórica de julho foi de 245,5%.

Entretanto, conforme o meteorologista da Funceme, Leandro Valente, esses números não são significativos para o aporte hídrico no Ceará. Choveu apenas 53,2 milímetros nestes 30 dias, faltando apenas mais um dia para encerrar o mês. Os dados são expressivos somente em relação ao monitoramento do órgão oficial de Meteorologia do Estado. Desde o início da apuração desses dados, em 1974, as chuvas de julho só foram menores do que no ano de 1985, quando foram registrados 59mm. Os outros três anos com os maiores índices de chuvas em julho foram 1977, com 47mm, 1989, com 49,6mm, e 2011, com 50,2mm.

Saldo baixo


Apesar dessas precipitações serem muito bem vindas, as normais do período, quando comparadas com as dos meses de estação chuvosa historicamente são mais baixas e alcançam apenas 37,5 mm, 15,4 mm e 4,9 mm, em junho, julho e agosto, respectivamente. Mesmo assim, a atuação do fenômeno meteorológico, conhecido como Ondas de Leste, atuou mais no Estado neste ano, entre os dias 3 e 6 passados, quando ocorreram as maiores chuvas de julho, mais precisamente no dia 5, onde Beberibe recebeu 170mm, Solonópole, 95mm e Cascavel 93mm.

Na quadra chuvosa, segundo os números da Funceme, Maio foi o mês mais crítico, com -56,6% de desvio, seguido de abril, -40,4%, e fevereiro, -23,9%. No mês seguinte, março, a precipitação se aproximou da normal climatológica, todavia, conforme os meteorologistas, o desvio percentual permaneceu negativo, -13,1%.

Três períodos


No Ceará, o período chuvoso é dividido em três fases: a pré-estação, nos mês de janeiro, onde o sistema atuante é o dos Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN), formados por um sistema de circulação horária de baixa pressão atmosférica, a aproximadamente 12Km de altura, o qual se forma na alta troposfera; a estação chuvosa, de fevereiro a maio, com a atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) uma banda de nuvens, próxima à linha do Equador, formada pelo encontro dos ventos de nordeste do hemisfério Norte e de sudeste do hemisfério Sul, e a pós-estação, nos meses de junho e julho, provocada pelas Ondas de Leste, perturbações atmosféricas com formação no continente africano que percorrem o Atlântico, chegando ao litoral do Nordeste.

Situação hídrica


Segundo o último Boletim da Situação Hídrica do Ceará, emitido pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) nesta sexta-feira, os 153 açudes monitorados pela Companhia apresentam volume de 3,43 bilhões de metros cúbicos, o equivalente a 18,25% da capacidade total, 18,78 bilhões m³. Atualmente, o volume de água das bacias está distribuído: Litoral (41,55%), Alto Jaguaribe (34,87%), Coreaú (33,80%), Metropolitanas (32,03%), Serra da Ibiapaba (23,49%), Médio Jaguaribe (16,67%), Salgado (21,77%), Acaraú (12,82%), Banabuiú (4,59%), Sertões de Crateús (3,11%), Curu (4,36%) e Baixo Jaguaribe (1,02%).

Nos últimos sete dias destaca-se o aporte nos açudes: Acarape do Meio (0,2 milhões m³), Mundaú (0,1 milhões m³), Fogareiro (0,05 milhões m³), Patu (0,05 milhões m³) e Amarany (0,01 milhões m³). Ainda ontem foram registrados aportes em três açudes, destacando-se o Açude Curral Velho. Sangraram, neste ano, somente Batalhão, Caldeirões, Gameleira, Gavião e Tijuquinha. Neste ano foi registrado um aporte total de 556,7 milhões m³.

Mais informações:


Funceme
Avenida Rui Barbosa, 1246 - Fortaleza
Telefone: (85) 3101-1088

Cogerh
Rua Adualdo Batista, 1550 - Fortaleza
Telefone: (85) 3218-7020

Fonte: Diário do Nordeste