Ciro
Gomes, em 1998 e em 2002, disputou o cargo de presidente da República
pelo PPS e em ambos ficou em terceiro lugar. (Foto: Pompeu Vasconcelos)
Nas duas oportunidades que tentou ser presidente da República, Ciro representava o PPS. Em ambas foi o terceiro candidato mais votado, chegando a obter mais de 10 milhões de votos na segunda postulação, em 2002. Hoje, o PDT parece ser a sua melhor opção partidária para uma disputa presidencial.
Embora relativamente com pequena representação política nos diversos estados brasileiros, a simbologia da agremiação dá musculatura ao candidato, facilitando, até, a composição com outras siglas, um quadro bem mais significativo em comparação com o das suas duas outras candidaturas.
Trabalhando em São Paulo, próximo da elite empresarial brasileira, e com frequentes passagens por Brasília, onde exercita a sua verve política, no momento, com certa parcimônia, exatamente para evitar os embates naturais em que se envolvem os pretensos candidatos, Ciro expande a defesa de suas posições sobre os mais diversos problemas brasileiros, no instante de grande perplexidade sobre o futuro da Nação, em razão da monumental crise política, moral e econômica, potencializada pela falta de liderança capaz de assumir o comando do barco e levá-lo a um porto seguro.
Ele não esconde as suas reservas quanto a vários aspectos do atual Governo. É de há muito um dos mais críticos da aliança do PT com o PMDB, e da disputa polarizada entre PT e PSDB. Admite, pelos espaços vazios e as denúncias de prevaricação contra uma infinidade de políticos, ser este momento o mais propício para sua terceira postulação.
Suficientes
Lamentavelmente, já há algum tempo, ressente-se o povo brasileiro de verdadeiros líderes políticos, de candidatos a cargos eletivos com reconhecido espírito público e, sobretudo, probo. Há exceções sim, mas, são tão poucas e enfraquecidas que acabam não sendo notadas e, por isso, terminam confundidas com os malfeitores.
Os sucessivos escândalos, nos mais diversos setores da gestão pública, em todos os poderes federal, estaduais e municipais, embora sejam fruto dos ânimos criminosos dos seus autores, por certo têm a grandiosidade comprovada hoje, óbvio, pela falta de verdadeiros líderes.
No caso, aqueles políticos que, não precisando dizer que não roubavam e nem deixavam roubar, davam exemplos de honradez e de respeito à coisa pública suficientes para inibirem o saquear das moedas do erário. E nem é preciso irmos tão longe no tempo para compararmos os que já nos representaram e aqueles cujos cargos, hoje, servem bem a seus propósitos, os econômicos em especial. O cidadão brasileiro, nos dias atuais, não tem estímulo para buscar os mecanismos de informação do funcionamento da máquina pública, apesar das facilidades oferecidas por impositivo da legislação referente à transparência, principalmente pelo entendimento generalizado de estar tudo contaminado.
A próxima disputa de cargos majoritários no Brasil, especialmente de presidente da República, exigirá discursos mais firmes dos postulantes, de modo, não a convencerem aos eleitores, atualmente ressabiados com tantas inverdades, mas capazes de os motivarem a ser menos céticos em relação às promessas.
Ciro pode ser um dos que venham a ter audiência, não só pela fluência como pela consistência do discurso, hoje, por certo, mais embasado. Suas passagens por diversos cargos públicos nas esferas estadual, nacional, e de executivo da iniciativa privada, sem máculas, as credenciam-no a ser ouvido e estar à altura das exigências reclamadas a quem deseja ser presidente do Brasil.
Diferentes
As relações de Ciro com a direção nacional do PDT por certo influenciarão na definição de mudança de partido de todos os cearenses que aceitam sua liderança, e a do irmão Cid Gomes, mas, pelo menos agora, para a disputa da Prefeitura de Fortaleza, ela não será fundamental, tanto que são grandes as chances de todos permanecerem no PROS, com o PDT como patrocinador da postulação de Roberto Cláudio à reeleição.
Fonte: Diário do Nordeste