Em visita ao Ceará realizada ontem, o ministro da Saúde, Arthur Chioro,
anunciou a ampliação de recursos na área para o Ceará, na ordem de R$
113 milhões anuais. As verbas vêm em resposta à crise enfrentada pela
Saúde no Ceará, evidenciada nos últimos meses, que levaram o governador
Camilo Santana a recorrer ao Governo Federal, em busca de auxílio.
Durante o pronunciamento, realizado no Palácio da Abolição, Chioro
assinou portarias liberando recursos voltados aos serviços de média e
alta complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Do total, foi
incluído um acréscimo de R$90 milhões ao teto anual orçamentário de
cinco hospitais de Fortaleza, sendo eles o Hospital de Messejana, o
Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Hospital Geral Dr. César Cals,
Hospital São José e Hospital Infantil Albert Sabin (Hias).
Duas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) também foram beneficiadas. A
UPA do Conjunto Ceará receberá um acréscimo de R$ 1,5 milhão anual,
enquanto a UPA José Walter, considerada de porte 3, ou seja, com mais de
13 leitos e capacidade para atender até 450 pessoas diariamente,
receberá um aporte de R$3 milhões a cada ano.
Na Região Metropolitana de Fortaleza, o município de Eusébio também foi
beneficiado com a injeção de R$2,3 milhões, que serão utilizados para a
compra de nove novas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu), três delas com suporte para atendimentos avançados.
No Interior do Estado, o Hospital do Cariri, em Juazeiro do Norte,
receberá um incremento de R$6,9 milhões para a criação de 50 leitos de
Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
O ministro citou ainda o Hospital Regional do Sertão Central, em
Quixeramobim, que permanece paralisado desde a inauguração, em dezembro
de 2014, pelo então governador Cid Gomes. Fechado por conta dos custos
elevados para manutenção e operação, o hospital, segundo Chioro, passa
por análise dos processos de implementação por parte de equipes do
Governo Federal.
Custos
Ainda em relação ao Hospital do Sertão Central, Arthur destacou a
importância das análises para que a unidade não exija a retirada de
recursos de outros hospitais para se manter. "É preciso analisar para
que não aconteça o mesmo que em outros hospitais no Ceará, que foram
colocados em funcionamento, mas desde o começo sem contar com a
contrapartida do Ministério, o que onera as finanças do Estado", disse.
Durante este ano, o Ministério da Saúde se negou a reconhecer uma
dívida de mais de R$ 200 milhões com o Governo do Ceará, em função de
gastos na área realizados em 2013 e 2014. A entidade federal afirmou que
não houve diálogo entre o Ministério e o Estado durante os
investimentos em novos equipamentos de saúde, como os hospitais
regionais e policlínicas.
Camilo Santana reiterou que o auxílio federal vem num momento de crise,
e que os repasses são conversados ao longo do ano com o Ministério.
"Temos feito um grande debate nos últimos meses com o Ministério sobre a
necessidade de recursos para serviços que o Ceará já vem prestando há
algum tempo. É um momento importante para o Estado, pois estamos diante
de um cenário de complexidade para a economia brasileira. Portanto,
reconhecemos o esforço do Ministério. Sabemos que precisamos de muito
mais. Mas acho que foi um passo importante para melhorar as condições de
atendimento ao povo cearense" colocou o gestor.
O governador cearense apontou ainda que, além do repasse de dinheiro, é
necessário melhor gestão de pacientes nas unidades hospitalares.
"Trinta e oito milhões de reais para o HGF, por exemplo é pouco, pois
ele nos custa R$300 milhões por ano. Mas, além de dinheiro, temos que
ter mais leitos. Tem que ter regulação para que os hospitais do Interior
garantam que o paciente não tenha que vir para a Capital. Os hospitais
regionais são exatamente para diminuir as filas em Fortaleza", colocou.
Repórter/Colaborador