quinta-feira, 25 de junho de 2015

Cristiano Araújo: nem após a morte a privacidade é respeitada

A tecnologia facilita ao ser humano revelar sua faceta ignóbil. Com a câmera do celular registra-se as cenas mais dramáticas como se houvesse justificativa digna para fazê-lo.

A polêmica da vez é o vídeo vazado no WhatsApp, com o suposto atendimento ao cantor Cristiano Araújo num hospital de Goiânia, e fotos que seriam do corpo do sertanejo no IML.

Pouco importa se esse material é autêntico ou não. A má-fé de uma montagem ou da divulgação de imagens reais já configura, em si, um ato abjeto.

Que interesse mórbido leva alguém a gravar ou fotografar uma situação como essa? O prazer doentio de ter um vídeo exclusivo para mostrar aos amigos?

Ou trata-se de uma reação automática, quase robótica, que comprova o quanto nos tornamos reféns do compartilhamento de nossa intimidade e também da vida alheia? Afinal, qualquer boçalidade ganha status de ‘notícia’ e recebe muitos ‘likes’ nas redes sociais.

Há pouco tempo aconteceu situação semelhante com Thomaz Alckmin, filho do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Fotos dos corpos no local do acidente de helicóptero que o matou, e também a outros quatro ocupantes da aeronave, foram repercutidas na web.

Será que os divulgadores não pensam, por um segundo, na dor que essas imagens provocariam na família das vítimas?

Nem os mortos têm direito à privacidade. O comportamento desrespeitoso de alguns alimenta a curiosidade de milhões. Famosos ou anônimos, não possuímos mais o domínio de nossa imagem. Tempos estranhos. Tristes tempos.