Testemunhas que ouviram gritos após uma menina de 11 meses ter sido atropelada pelo próprio pai em Praia Grande, no litoral de São Paulo, relataram para a polícia a tensão e o desespero da família após o acidente.
O atropelamento aconteceu no último sábado (28), quando o comerciante Jhoney da Silva Lima estacionava o carro na garagem de seu estabelecimento. Ele não viu a filha engatinhando no momento em que parava o veículo e acabou atropelando, sem querer, a criança.
Segundo vizinhos do comércio, o bairro está de luto. Nenhum dos moradores ouvidos pelo G1 acompanhou o momento exato do acidente, mas vários contaram terem ouvido gritos de socorro dos pais.
"Saí para a rua para tentar saber o que aconteceu. Só pude ver a criança sendo carregada pela mãe e o pai procurando por ajuda. Eles correram para um hospital, e o pai procurava desesperado alguém para tomar conta do comércio", diz a dona de casa Rose Silva Brandão.
Os moradores contam que a relação da família, que possui outras duas filhas, era ótima. O casal planejava comemorar o aniversário da bebê, que seria no próximo dia 15 de abril.
"Por causa do comércio, todos tinham um certo contato com a família. Há alguns meses, eles disseram que já estavam arrumando a festa para a criança. Foi muito triste. Estamos todos chocados", conta Rose.
A menina morreu por volta das 18h de sábado. O corpo estava no Instituto Médico Legal (IML) de Santos até a manhã deste domingo (29). O pai esteve no local acompanhado do irmão para autorizar a liberação do corpo.
Segundo o delegado Alexandre Comin, que registrou a ocorrência, o pai deve ser indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Ele explica que, neste caso, caberia o flagrante, mas o Código de Trânsito Brasileiro estabelece que quando a vítima é socorrida pelo motorista o flagrante cai.
“Será instaurado um inquérito. Os pais da criança vão ser chamados para depor posteriormente, mas, neste caso, caberá o perdão judicial”, diz Comin.