sábado, 28 de março de 2015

Policiais prendem criminosos que praticaram golpe de falso sequestro contra família da Zona Sul

Uma família que mora no Leblon, na Zona Sul, viveu momentos de terror ao cair no golpe de um falso sequestro. O caso aconteceu no fim da noite desta quinta-feira, quando as vítimas receberam um telefonema relatando que o filho havia sido sequestrado. De acordo com a Polícia Civil, as chamadas partiam do interior de um dos presídios do complexo de Bangu, na Zona Oeste. Os telefonemas eram feitos pelo preso Márcio Júlio da Silva, que participava do esquema com Cristoni Richeli de Lima e Dayana Cristina Targino Januário Ferreira, que foram detidos no fim da tarde desta sexta-feira, por agentes da Delegacia Antissequestro (DAS). O bando chegou a extorquir joias e uma quantia de cerca de R$ 4 mil das vítimas e pedia mais, antes de serem surpreendidos pelos policiais. Os bens foram recuperados.

Após a primeira ligação, os criminosos orientaram que o casal, um coronel reformado do exército e a mulher, levasse o dinheiro e as joias para um local próximo à estação ferroviária Corte 8, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Lá, receberam um novo telefonema para que a mulher deixasse a quantia exigida no chão. Depois, numa outra chamada, foi exigido mais dinheiro, cerca de R$ 20 mil.

Devido ao horário, as vítimas não conseguiram sacar o dinheiro e passaram a noite num hotel da região, seguindo ordens dos bandidos. Pela manhã, elas também não conseguiram retirar o dinheiro num banco de Caxias e partiram para uma nova tentativa em uma agência no Leblon. Lá, segundo a Polícia Civil, o gerente desconfiou e conseguiu entrar em contato com o filho do casal, que estava bem. A família, então, acionou a polícia.

— A partir daí, nós começamos a monitorar e simulamos o pagamento, já com agentes da DAS cuidando da situação. Conseguimos fazer a prisão das pessoas que estavam praticando essa extorsão — afirma o delegado da especializada Claudio Luiz Gois da Silva. — Eles (os criminosos) mantêm a pessoa sempre com o telefone ligado, não deixam a pessoa desligar o aparelho. Quando as vítimas vão para algum lugar, no caso o hotel, pedem para que o aparelho seja desligado. (Ameaçaram) que se fizessem qualquer comunicação com a polícia, eles matariam a suposta vitima, que não existia — explicou.

Dayana e Cristoni foram presos numa casa na comunidade Mangueirinha, em Duque de Caxias, após a acusada ir ao local combinado para recolher o pagamento. Depois, o marido de Dayana também foi detido. No interior do imóvel havia, além dos pertences das vítimas, mais dinheiro e joias, que podem ser de outros crimes praticado pelo bando. O casal foi levado para a delegacia. Durante as investigações, foi constatado que as ligações para as família partiam de dentro do presídio.

— Nós entramos em contato com a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária), que organizou uma busca na cadeia e chegou a conclusão de quem seria a pessoa. Porque nós já tínhamos um nome. Acharam o celular e o chip que ele estava usando para fazer a extorsão, em Bangu 2 — relatou.

Ainda segundo o delegado, as pessoas precisam ficar atentas e procurar a polícia, em situações como esta.

— As pessoas têm que ficar alertas. Chegou a informação de que um parente foi sequestrado, vá imediatamente a uma delegacia. Seja ela qual for. Se puder, venha à DAS, e nós vamos resolver o problema — alerta o policial, que explicou como, geralmente, acontece este tipo de crime. — O número das vítimas é conseguido de forma aleatória. Eles (os criminosos) pegam uma sequência de dígitos e vão tentando até a hora em que alguém cai. Em um momento, dez, quinze, 20 telefonemas depois, alguém cai na história. Então começam a praticar a extorsão.

Márcio estava preso em regime semiaberto pelos crimes de tráfico de drogas e homicídios. Cristoni também já tinha passagem por tráfico e receptação. Os três envolvidos foram autuados por extorsão qualificada.