sexta-feira, 27 de março de 2015

Comandante de avião tentou reabrir cabine com machado, diz jornal

O piloto do Airbus A320 que ficou trancado do lado de fora da cabine no momento da queda do avião da Germanwings nos Alpes franceses, tentou abrir a porta com um machado, afirma o jornal "Bild" nesta sexta-feira (27), que cita fontes das forças de segurança.

Depois que o copiloto acionou o mecanismo de descida do avião por razões desconhecidas, o comandante do voo, que havia deixado a cabine para ir ao banheiro e que não teve acesso ao local na volta, utilizou um machado para forçar a porta blindada, segundo as fontes, e tentar impedir a tragédia que matou 150 pessoas, segundo a publicação.

Um porta-voz da companhia Germanwings confirmou ao Bild que os aviões A320 contam com a presença de um machado, que é "parte do equipamento de segurança".

A polícia alemã realizou buscas na casa do copiloto Andreas Lubitz, que, segundo as autoridades francesas, "parece ter derrubado deliberadamente" o avião da Germanwings na última terça-feira (24) nos alpes franceses.

A polícia saiu da casa dos pais de Andreas, na cidade de Montabaur, com caixas e sacolas com pertences da família, além de um computador. Também foram feitas buscas por quatro horas em um apartamento em Düsseldorf, onde o copiloto morava, de acordo com a imprensa alemã.

Os detetives da polícia procuraram pistas sobre a motivação do copiloto em derrubar o avião de maneira deliberada. As buscas tiveram como foco documentos pessoais, disse o gabinete do procurador em Düsseldorf, de acordo com o "Die Welt".

Segundo a promotoria francesa disse nesta quinta (26), o copiloto do avião da Germanwings assumiu o controle da aeronave enquanto o piloto estava do lado de fora da cabine. "Nenhuma mensagem de socorro ou urgência foi recebida por controladores de tráfego aéreo e nenhuma resposta foi dada a todas as chamadas dos vários controladores de tráfego aéreo", disse o promotor Brice Robin.

"A interpretação mais plausível para nós é que o copiloto, por uma abstenção voluntária, se recusou a abrir a porta da cabine para o capitão e acionou o botão para perda de altitude." Segundo a autoridade, ele estava respirando normalmente até o momento em que a aeronave bateu nas montanhas.

Andreas Lubitz, de 28 anos, era alemão. Segundo o Bild, ele seria de Montabaur, em Rhineland-Palatinate, na Alemanha. Ele não estava em lista de suspeitos de terrorismo, e por enquanto não há base para afirmar que tenha sido um incidente terrorista.

Ainda de acordo com Robin, os sons da caixa-preta dão a entender que Andreas Lubitz estava bem e não parecia ter sofrido nenhum problema de saúde, como um AVC. Ele disse que só nos últimos minutos da gravação se ouvem gritos dos passageiros.

Segundo o promotor, durante os primeiros 20 minutos de voo, há uma troca de cortesias e até mesmo brincadeiras entre o piloto e o copiloto. Já quando o piloto começa a preparar o procedimento para a aterrissagem em Düsseldorf (Alemanha), o copiloto se mostrou mais "lacônico".

"Por vontade própria, ele se negou a abrir a porta da cabine para o comandante", enfatizou. "Ele não tinha nenhuma razão para impedir a volta do comandante ao cockpit", contou ainda Robin, acrescentando que o piloto pediu várias vezes acesso à cabine, sem obter resposta do copiloto.

Sozinho na cabine, o copiloto "pressionou o botão de perda de altitude por uma razão que não fazemos nenhuma ideia, mas que pode ser visto como um desejo de destruir a aeronave", afirmou.

Com os dados que a investigação tem até agora, não se pode falar de suicídio, segundo o promotor, que reforçou que todas as informações são preliminares e que as investigações continuam.

De acordo com Robin, a análise da segunda caixa-preta, de dados, irá ajudar os investigadores a entender melhor o que aconteceu. Por enquanto, não há indícios de envolvimento de outras pessoas.

Lufthansa chocada

Carsten Spohr, CEO da Lufthansa, disse em entrevista coletiva após a divulgação das informações que está sem palavras com a revelação de que o copiloto teria deliberadamente derrubado o avião da Germanwings.

Segundo o CEO da Lufthansa, o copiloto Andreas Lubitz começou seu treinamento em 2008, mas o interrompeu brevemente. Ele foi comissário de bordo enquanto não podia pilotar. Ele começou a atuar como copiloto da companhia em 2013. Ele estava "100% apto para voar, sem restrições", e passou em todos os exames de pilotagem e médicos.

Spohr também disse que não tem nenhuma informação sobre o motivo que levou o copiloto Andreas Lubitz a fazer o que fez. "O que aconteceu foi um incidente trágico individual, eu gostaria de enfatizar isso", disse. "Temos altos padrões, mas um caso único como este não pode ser previsto."

Ele também explicou como funciona o acesso à cabine de comando. “Se um dos pilotos deixa a cabine, é possível chamar do lado de fora, o piloto pode olhar e ver quem quer entrar, e você pode abrir a porta controlada eletronicamente. Temos procedimentos – se o piloto saiu e o que ficou dentro está inconsciente, há um código que pode ser utilizado. Há um barulho dentro da cabine, e se ninguém abrir, a porta se abre eletronicamente. Mas a pessoa que está do lado de dentro pode impedir que a porta se abra.”

O que se sabe sobre a tripulação


Andreas Lubitz havia sido contratado em setembro de 2013 e tinha 630 horas de voo de experiência, informou a Lufthansa à AFP. Jornais internacionais disseram que Andreas se formou na escola de voo da Lufthansa em Bremen e obteve sua licença de voo em junho de 2010.

Ele vivia com os pais na cidade e também morava em Düsseldorf, afirmou a prefeita de Montabaur ao jornal "El País". O jornal espanhol afirmou ainda que o perfil de Andreas no Facebook foi apagado.

O promotor Brice Robin disse que não tem nenhuma informação sobre o perfil psicológico ou a filiação religiosa do copiloto.
Já o piloto do Airbus A320 tinha 10 anos de experiência e mais de 6.000 horas de voo, segundo a Germanwings. Identificado pelo jornal "Bild" como Patrick S., o piloto também era alemão.

Vítimas

As autoridades ainda não divulgaram a lista de passageiros e tripulantes embarcados no avião da Germanwings que caiu nos Alpes franceses. Porém, diante da notícia da tragédia, alguns familiares, empresas e órgãos oficiais dos países divulgaram nomes de pessoas que estavam no voo.

O Airbus A320 partiu de Barcelona, na Espanha, com destino a Düsseldorf, na Alemanha, e levava 150 pessoas – 144 passageiros e seis tripulantes.

Segundo informações da Germanwings, entre as vítimas do acidente havia 72 alemães, 35 espanhóis, 2 australianos, 2 argentinos, 2 iranianos, 2 venezuelanos, 3 americanos, 1 marroquino, 1 britânico, 1 holandês, 1 colombiano, 1 mexicano, 1 dinamarquês, 1 belga e 1 israelense.

A origem de algumas vítimas ainda é incerta, especialmente devido a casos de dupla nacionalidade. Devido à violência do acidente, as autoridades acham pouco provável encontrar sobreviventes.