sábado, 24 de janeiro de 2015

Consumir tomate in natura é melhor do que suplementos de licopeno

Vários estudos já comprovaram que o consumo de frutas e legumes diminui o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Mas e quanto à alimentos específicos, como o tomate? Um estudo publicado este ano no jornal científico Advances in Nutrition investigou esse fruto e os suplementos de licopeno. Os autores ressaltaram o tomate como uma fonte de licopeno, um potente antioxidante que está relacionado à diminuição do risco de doenças cardiovasculares e câncer de próstata. 

Assim, como a ingestão de tomate está relacionada ao aumento das concentrações de licopeno no sangue, houve uma busca pela extração e concentração deste componente, que passaria a ser vendido sob a forma de suplemento. Esse estudo avaliou, a partir de uma revisão de literatura científica, a eficácia do suplemento de licopeno, em relação ao consumo de tomate in natura e produtos à base de tomate. 

Sobre o estresse oxidativo, o tomate apresentou forte associação à diminuição dos marcadores do estresse oxidativo e combate aos radicais livres. O consumo de produtos à base de tomate, assim como o tomate in natura, apresentou proteção consistente sobre o dano ao DNA e oxidação de lipídios (especialmente o LDL-colesterol). Quando presente, o estresse oxidativo é um risco a mais para desenvolvimento e progressão de doenças cardiovasculares. O licopeno também apresentou efeito sobre o estresse oxidativo, porém não foi forte. 

Em relação à inflamação, nem o suplemento de licopeno, nem os produtos à base de tomate tiveram consistência nas análises. Apenas a ingestão do tomate in natura demonstrou melhora nos marcadores inflamatórios do organismo. No entanto, o suplemento de licopeno se mostrou mais eficaz na redução da pressão arterial do que a ingestão do tomate (3 em 5 estudos, contra 1 em 3 estudos do tomate). Mas os autores alertam que o tomate in natura possui outros nutrientes que auxiliam na manutenção de uma pressão arterial saudável, como o potássio e fibras. 

O melhor é sempre consumir o alimento in natura pois, no caso do tomate, é composto de outros nutrientes essenciais e fitoquímicos que também auxiliam na manutenção da saúde. Esses nutrientes podem "reforçar" a ação do outro no organismo, ou até mesmo aumentar sua absorção a nível intestinal, tendo um efeito ainda maior. É o que chamamos de sinergismo. Suplementos alimentares são importantes em alguns casos, mas não devem ter seu uso indiscriminado e sem orientação de nutricionista. 

Para melhorar a absorção do licopeno do tomate, é recomendado aquecer o alimento, pois a temperatura mais alta ativa o licopeno para uma forma mais biodisponível, ou seja, que o organismo tem mais facilidade para aproveitar. Enquanto o licopeno do tomate cru apresenta uma biodisponibilidade em torno de 13%, o licopeno encontrado no tomate cozido é 70% biodisponível. O azeite de oliva extra virgem combina com o tomate, pois um pouco de gordura também aumenta a absorção do licopeno. Enquanto isso, as fibras prejudicam a absorção desse composto, quando em excesso. Portanto, o equilíbrio no consumo é fundamental. 

Caso deseje cozinhar o tomate ou preparar um molho de tomate natural, utilize sempre o fogo em temperaturas mais baixas. Apesar do aquecimento melhorar a biodisponibilidade do licopeno, nesta forma ele também fica mais vulnerável à oxidação, e perde suas propriedades. Alguns estudos indicam que o cozimento do tomate em temperaturas acima de 100ºC já prejudicaria a atividade antioxidante do licopeno. Uma dica consiste em pôr as rodelas de tomate por cima da comida já pronta na panela e tampar por uns 10 minutos, durante o tempo final de cocção da preparação. Esse processo já auxilia na ativação do composto.