Esqueça a imagem do brasileiro saudável, que passa boa parte do tempo ao ar livre. Quase a metade da população com 18 anos ou mais do país –46%, segundo dados do IBGE--, é sedentária, 28,9% assistem a três horas ou mais de televisão por dia e 15% fumam ou usam produtos derivados do tabaco. Os dados fazem parte da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), divulgada nesta quarta-feira (10). Esta é a primeira vez que a pesquisa é realizada.
Por sedentária entende-se a parcela da população considerada "insuficientemente ativa", ou seja, que pratica menos de 150 minutos de atividade física por semana, seja nos momentos de lazer, no trabalho ou nos deslocamentos até o trabalho.
O Estado de Roraima foi apontado como o mais sedentário, com 57,3% da população insuficientemente ativa. Já Minas Gerais aparece como o menos sedentário, com 41%.
No geral, homens são mais ativos que mulheres --27,1% contra 18,4%. Segundo técnicos do IBGE, a diferença pode ser resultado da tripla função exercida pela população feminina, que, cada vez mais, se divide entre o trabalho, afazeres domésticos e cuidados com os filhos, e teria menos tempo para exercícios.
Já o Rio de Janeiro é campeão entre os Estados colados na telinha. Ao menos 40,4% da população fluminense passa três horas ou mais em frente à televisão por dia. Na sequência aparecem o Sergipe e o Rio Grande do Norte, com 37,9% e 35,5%, respectivamente.
Entre os brasileiros com mais de 18 anos, 15% admitiram fumar ou usar produtos derivados do tabaco. A proporção é maior na área rural que na área urbana – 17,4% contra 14,6% - e três pontos percentuais menor que a registrada há cinco anos pela PNAD 2008 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), único dado possível de ser comparado à PNS, devido à metodologia semelhante.
Segundo Maria Lúcia Vieira, gerente da pesquisa, a redução de 18% para 15% no número de usuários de tabaco e derivados pode ser resultado das campanhas anti-tabaco e das proibições recentes de fumar em ambientes públicos.
Desde o dia 3 de dezembro, com a entrada em vigor da Lei Antifumo, de abrangência nacional, é proibido o consumo de cigarros e derivados em ambientes fechados de uso coletivo, como bares, restaurantes, casas noturnas e ambientes de trabalho. A lei 12.546 existe desde 2011, mas só foi regulamentada em agosto, e também proíbe os fumódromos e propagandas de cigarro.
Até então apenas oito Estados aplicavam leis antifumo próprias – São Paulo, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Amazonas, Mato Grosso, Paraíba e Paraná -, sendo que os paulistas foram pioneiros, ao criar a legislação em 2009.
A pesquisa mostra ainda que mais da metade dos fumantes –51,1%-- tentaram abandonar o vício nos 12 meses anteriores ao levantamento e que 52,3% pensaram em parar devido às advertências sobre os riscos do tabagismo presentes em maços de cigarro.
Além da tendência ao sedentarismo e do apreço pela televisão e pelo cigarro, o IBGE também mostra um Brasil em que quase um quarto da população consome bebidas alcóolicas regularmente. Ao menos 24% da população adulta disse beber uma vez ou mais por semana, sendo que homens bebem quase três vezes mais que as mulheres - 36,3% contra 13%.
A pesquisa mostra também que 24,3% das pessoas com 18 anos ou mais que dirigem admitiram ter conduzido carro ou motocicleta depois de ingerir bebidas alcoólicas.